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    terça-feira, outubro 17, 2006
    Minerva
    Nascimento de Minerva

    Nascimento de Erecteu
    Pandrosa
    Disputa de Minerva e Netuno
    Tipo e atributos de Minerva

    Nascimento de Minerva
    Métis, a reflexão personificada, fora a primeira esposa de Júpiter. Foi ela que deu ao velho Saturno uma beberagem para obrigá-lo a devolver os jovens deuses que ele havia engolido. Estando grávida, predisse a Júpiter que teria em primeiro lugar uma filha e, em seguida, um filho que se tornaria senhor do céu. O rei dos deuses, espantado com tal profecia, engoliu Métis. Algum tempo depois, foi acometido de violentíssima dor de cabeça e rogou a Vulcano que lhe fendesse a cabeça com o machado.
    Mal recebeu o golpe de machado de Vulcano, saiu-lhe do cérebro, armada de todas as suas peças, a filha Minerva, nova encarnação da sabedoria divina. Essa lenda, de caráter assaz bárbaro e, por conseguinte, velhíssima, está representada de maneira ingênua num baixo-relevo onde, extraordinariamente, Vulcano é um rapaz imberbe.
    Num espelho etrusco vemos Ilitia, a deusa dos partos assistindo ao rei dos deuses e tirando-lhe da cabeça Minerva, que sai armada do capacete e da lança. No outro lado está Vênus que também parece acorrer em auxílio a Júpiter e atrás da qual vemos, empoleirada numa árvore, a pomba que lhe é consagrada. Tais divindades trazem os seus nomes no espelho em língua etrusca.
    O mesmo tema decorava um dos frontões do Partenão, mas é provável que o nascimento estivesse ali concebido de maneira inteiramente diversa. Infelizmente, nada resta da parte central do frontão em que tal cena estava representada.
    Júpiter é a abóbada do céu donde jorra o raio luminoso e súbito; como é também o senhor dos deuses, a sua sabedoria não vacila absolutamente em lhe brotar do cérebro divino. Minerva devia, pois, nascer inteiramente armada e provida de todos os seus atributos. É assim que no-la apresentam as estátuas, muitas vezes com a lança e o escudo, mas sempre com o capacete e a égide.
    Luciano narrou o nascimento de Minerva sob forma de diálogo:
    "Vulcano. - Que devo fazer, Júpiter? Venho, por ordem tua, armado de um machado afiadíssimo e que, se houvesse necessidade, seria capaz de partir, de um só golpe, a mais dura das pedras.
    Júpiter. - Ótimo, Vulcano! Parte-me, pois, a cabeça.
    Vulcano. - Queres submeter-me a uma prova, ou estás louco? Dá-me uma ordem séria, dize o que queres que eu faça!
    Júpiter. - Já te disse, parte-me a cabeça; bate com toda a força e sem demora; não posso viver com as dores que me dilaceram o cérebro.
    Vulcano. - Acautela-te, Júpiter. Quem sabe se não vamos cometer uma asneira? O meu machado é afiadíssimo, fará com que te corra o sangue e não te libertará à guisa de Lucina.
    Júpiter. - Bate, vamos, Vulcano! Nada temas. Sei o que quero.
    Vulcano. - Bato, mas contra a vontade. Que me resta, se assim me ordenas?... Que estou vendo? Uma jovem armada da cabeça aos pés! Safa, que dor de cabeça não devia ser a tua, Júpiter! Não é de assombrar que te hajas mostrado irascível, se trazias viva, sob a membrana do teu cérebro, uma jovem desta estatura, e, ainda por cima, armada. Não sabíamos que tinhas na cabeça um verdadeiro campo. Olha, ela salta! Ei-la que dança a pírrica, agita o escudo, brande a lança, e está dominada pelo entusiasmo. O que é mais estranho é que, de súbito, se tornou belíssima e pronta para casar. É verdade que tem olhos cinzentos, mas o capacete compensa esse defeito. Júpiter, como pagamento pelo serviço que te prestei, cede-ma por esposa.
    Júpiter. - Tu me pedes o impossível, Vulcano; ela quer permanecer virgem para sempre. Quanto a mim, não me oponho ao que desejas.
    Vulcano. - É o que quero. O resto fica por minha conta. Vou levá-la." (Luciano).
    Nascimento de Erecteu
    Vulcano pôs-se imediatamente a procurar Minerva, e, certo de que ela estivesse na Acrópole, rumou para Atenas. Mal a percebeu, colocou-se-lhe na frente e quis dar os passos necessários. Mas a deusa o recebeu de maneira tal que lhe tirou qualquer desejo de recomeçar. O pobre ferreiro ficou despeitadíssimo; para mostrar que saberia dispensá-la, resolveu contrair núpcias no mesmo instante, e dirigiu-se à Terra, boníssima criatura, que o aceitou apesar das mãos negras. Dessa união nasceu Erecteu, que mais tarde se tornou rei de Atenas. O que deu origem a tão singular lenda foi a fato de os atenienses, já colocados sob a proteção de Minerva, quererem, por um laço qualquer, prender-se ao deus do fogo, que preside à indústrias dos metais.
    A Terra, mal gerou Erecteu, deixou o recém-nascido no chão, sem mais com ele preocupar-se, como se fosse uma simples cobra ou um verme. Minerva, percebendo-o, compadeceu-se e, pegando-o, pô-lo num cesto e levou-o para o seu santuário. Mas, apesar de todo o seu bom coração, não conseguia livrar-se das preocupações guerreiras, e, estando a galgar a Acrópole levando o cesto, notou que a sua cidade não estava bastante fortificada do lado do Ocidente. Entrou na casa de Cécrops, que tinha três filhas, Pandrosa, Aglaura e Herse, e, confiando-lhes o cesto, muito bem fechado, proibiu-lhes que o abrissem para verificar o conteúdo, e imediatamente partiu em busca de uma montanha que julgava necessária para a fortificação da cidade. Quando partiu, Aglaura e Herse, impelidas pela curiosidade, pretenderam abrir o cesto, não obstante as censuras de Pandrosa. Mas uma gralha, que tudo vira, foi contar o fato a Minerva, que já segurava a montanha entre os braços e que fortemente surpresa, a deixou cair. Eis aí a origem do monte Licabeto.
    Pandrosa
    A deusa concebeu tal afeto por Pandrosa, que não somente lhe confiou a educação do pequenino protegido, como também exigiu que Pandrosa, após a morte, recebesse as honras divinas. Quando Erecteu se tornou rei de Atenas, apressou-se em satisfazer tal desejo, mas, associando no seu reconhecimento a filha de Cécrops e a deusa que o recolhera, elevou um templo em duas partes, uma das quais foi dedicada a Minerva e outra a Pandrosa. A construção foi queimada pelos persas, como todos os monumentos de Atenas, e o que hoje existe foi erguido após as guerras médicas.
    Disputa de Minerva e Netuno
    Atenas tira o seu nome de Atena (nome grego de Minerva) mas a honra de dar o nome à cidade que Cécrops acabava de fundar deu origem a uma famosa disputa entre Netuno e a deusa. Constituía ela o tema de um dos dois frontões do Partenão, esculpidos por Fídias e cujos fragmentos mutilados fazem hoje parte do Britsh Museum em Londres.
    Era preciso pôr a nova cidade sob a proteção de uma divindade. Decidiu-se que se tomaria por protetor da cidade o deus que produzisse a coisa mais útil. Netuno, batendo a terra com o tridente, criou o cavalo e fez jorrar uma fonte de água do mar, querendo com isso dizer que o seu povo seria navegador e guerreiro. Mas Minerva domou o cavalo para o transformar em animal doméstico, e, batendo a terra com a ponta da lança, fez surgir uma oliveira carregada de frutos, pretendendo com aquilo mostrar que o seu povo seria grande pela agricultura e pela indústria.
    Cécrops, embaraçado, consultou o povo, para saber a que deus preferia entregar-se. Contudo, não se tendo naqueles tempos tão remotos imaginado que as mulheres não pudessem tão bem quanto os homens exercer direitos políticos, todos votaram. Ora, sucedeu votarem todos os homens por Netuno e todas as mulheres por Minerva; mas como entre os colonos que acompanhavam Cécrops, houvesse uma mulher mais, Minerva raptou-a. Netuno protestou contra essa maneira de julgar a divergência, e apelou para o tribunal dos doze grande deuses. Estes chamaram Cécrops como testemunha, e tendo sido a votação considerada regular, passou a cidade a ser consagrada a Minerva. Os atenienses, no entanto, temendo a cólera de Netuno que já ameaçara engoli-los, ergueram na Acrópole um altar ao Olvido, monumento de reconciliação de Netuno e Minerva; em seguida, Netuno participou das honras da deusa. Eis como os atenienses se tornaram um povo navegador e ao mesmo tempo agrícola e manufatureiro.
    Minerva era para os atenienses a deusa por excelência e a Acrópole a montanha santa. A Acrópole figura numa moeda de Atenas, assaz grosseira, aliás. Não se vêem nela representações de edifícios, mas somente dominar a grande Minerva de bronze, que os navegantes saudavam de longe, como protetora da cidade. A confiança inspirada por Minerva só desapareceu com a influência cristã, e um dos derradeiros historiadores pagãos, Zózimo, narra de que maneira se apresentou a deusa pela última vez. "Alarico, diz ele, impaciente por se apoderar de Atenas, não quis entreter-se com outro assédio. Apressou-se, pois, em ir a Atenas na esperança de tomá-la, quer por ser dificílimo defender a grande extensão das suas muralhas, quer por estar ele já de posse do Pireu e por haver pouquíssimas provisões na cidade. Eis a esperança nutrida por Alarico. Mas a cidade tão antiga seria conservada pela providência dos deuses no meio de tão terrível perigo. A maneira pela qual ela foi protegida é demasiadamente milagrosa e demasiadamente capaz de inspirar sentimentos de piedade, para que a silenciemos. Quando Alarico se aproximou das muralhas à testa do seu exército, viu Minerva, tal qual surge nas imagens, dar a volta à cidade, e Aquiles tal qual o descreve Homero apareceu no alto das muralhas. Alarico, estarrecido com o espetáculo, tratou de fazer a paz e abandonou a luta." (Zózimo).
    Tipo e Atributos de Minerva
    "A partir do dia, diz Ottfried Muller, em que Fídias terminou de desenhar o caráter ideal de Minerva-atena, uma fisionomia cheia de calma, uma força que tem consciência de si própria, um espírito claro e lúcido, passaram a ser para sempre os principais traços do caráter de Palas. A sua virgindade a coloca acima de todas as fraquezas humanas; ela é demasiadamente viril para se entregar a um homem. A testa muito pura, o nariz longo e fino, a linha um pouco dura da boca e das faces, o queixo largo e quase quadrado, os olhos pouco abertos e quase constantemente voltados para a terra, a cabeleira atirada, sem arte, para cada lado da testa e ondulada sobre a nuca, traços nos quais transparece a rudeza primitiva, correspondem perfeitamente a tão maravilhosa criação ideal."
    Minerva se identifica completamente com a cidade que ela protege, e se por duas vezes usa cavalos no capacete é para mostrar a sua reconciliação com Netuno a quem era consagrado o cavalo, e que, como deus dos mares, não podia deixar de ter grande importância em Atenas. É o que vemos num medalhão antigo no qual a cidade de Roma personificada se liga à de Atenas (Palas-atena). As duas ilustres cidades se caracterizam pelos seus atributos: a loba com os dois filhos é o atributo comum de Roma, como a coruja é o habitual atributo de Atenas. A deusa ateniense traz a égide com a cabeça de Górgona, e quatro cavalos lhe ornam o capacete.
    Os cavalos aparecem igualmente num soberbo entalhe antigo. A pena do capacete é suportada por uma esfinge e dois corcéis alados ou pégasos: a parte da frente está ornada de quatro cavalos e o cobre-orelha de um grifo. Os enfeites da deusa são luxuosos; além da égide de escamas bordadas de serpentes, traz ela um colar de bolotas, e brincos em forma de cachos de uvas.
    Às vezes, como na medalha de Thurium, não é nem o cavalo, nem o grito que ornam o capacete de Minerva, mas uma Cila ou um monstro fantástico com cauda de serpente.
    A deusa usa sempre um capacete, até quando desempenha um papel pacífico. O capacete tem, às vezes, asas para indicar o caráter aéreo de Palas. Vemo-lo, quanto ao resto, sob formas extremamente variadas, em moedas gregas ou romanas.
    A coruja, a ave que vê bem durante a noite, é naturalmente consagrada a Minerva, deusa que personifica simultaneamente o raio e a inteligência. Nas mais antigas moedas de Atenas se nos depara a coruja, símbolo de uma vigilância constantemente alerta.
    Como deusa guerreira, Minerva combate com a lança. No entanto, uma medalha da Macedônia, imitação de antiga figura arcaica, no-la apresenta com o raio de Júpiter. A vitória está freqüentemente na mão da deusa. É assim que ela aparece numa bela moeda do Lisímaco.
    A arte dos tempos primitivos preferia a imagem de Palas às das outras divindades; os antigos paládios representavam ordinariamente a deusa com o escudo erguido, e brandindo a lança. Entretanto, essa forma varia muito, até nos próprios tempos primitivos, e Minerva se reveste de diferentes aspectos, segundo as localidades.
    Uma medalha da Nova Ílion representa uma Palas troiana cujo tipo, imitação de antiga figura arcaica, deve remontar a remota antigüidade. Está de pé e traz na mão direita a lança apoiada ao ombro, enquanto a esquerda empunha um facho. A ave sagrada está de pé diante da deusa, cujo costume, e particularmente o capacete, se afastam completamente do tipo habitual de Minerva.
    A égide é uma pele de cabra de que nos servimos como escudo, mas significa igualmente a tempestade, e é em tal sentido que Homero a entende, quando fala do fogo e da luz que partem do escudo divino. Minerva, sendo na ordem física o raio personificado, devia ter por atributo a égide, e nos monumentos arcaicos podemos ver de que maneira era empregada primitivamente. Na grande época da arte, Minerva trá-la sobre o peito; a Górgona figura sempre na égide.
    A cabeça da Górgona é um dos atributos essenciais da deusa a aparece quer sobre a égide, quer sobre o seu escudo. Exprime o terror com o qual Palas fere os inimigos.
    A Minerva arcaica de Herculanum está numa atitude hierática: vestida do peplo de dobras tesas e engomadas, que recobre a concha, marcha resolutamente para o combate. A maneira pela qual a deusa traz aqui a égide é característica: segura-a sobre o ombro para ter o braço esquerdo inteiramente coberto. A égide é grandíssima, ao passo que nos monumentos menos antigos, perde algo da sua importância.
    A égide usada por Júpiter passava por ser a pele da cabra Amaltéia, que lhe foi nutriz. Mas há tradições diferentes em torno da égide de Minerva. A deusa matara o monstro Ágis, filho da Terra, que vomitava chamas com uma fumaça negra e espessa. O monstro desolou, a princípio, a Frígia, em seguida o monte Cáucaso, cujas florestas queimou até a Índia. Depois foi incendiar o monte Líbano e devastou sucessivamente o Egito e a Líbia. Minerva, após o derrubar, o traspassou com a lança e da sua pele fez uma couraça, sobre a qual colocou posteriormente a cabeça de Górgona, e que usava como troféu. Quando a égide está colocada em volta do braço, como no-la apresenta a Minerva de Herculanum, é sempre um sinal de combate.
    A Minerva de Egina segura a lança e o escudo no alto, mas a égide, em vez de ser usada sobre o braço, serve de couraça para garantir o peito e até as costas, sobre as quais recai. Essa estátua, que hoje se encontra na Gliptoteca de Munique, ocupava o centro do frontão ocidental do templo de Egina.
    A famosa Minerva de Fídias, no Partenão, era de marfim e ouro. A deusa estava de pé, coberta da égide, e a sua túnica descia até os calcanhares. Empunhava uma lança com uma das mãos e com a outra uma vitória. O capacete estava encimado por uma esfinge, emblema da inteligência celeste; nas partes laterais havia dois grifos, cuja significação era a mesma que a da esfinge, e, acima da viseira, oito cavalos a galope, imagem da rapidez com a qual age o pensamento divino. A cabeça de Medusa figurava-lhe no peito. Os braços e a cabeça da deusa eram de marfim, com exceção dos olhos formados por duas pedras preciosas; as vestes eram de ouro e podiam ser retiradas com facilidade, pois era mister, quando a república se via em apertos, poder recorrer ao tesouro público, do qual a deusa era depositária. Na face exterior do escudo, posto aos pés da deusa, estava representado o combate dos atenienses contra as amazonas, na face inferior o dos gigantes contra os deuses: o nascimento de Pandora estava esculpido no pedestal. Um trecho da Antologia grega compara a Minerva de Fídias, em Atenas, à Vênus feita por Praxíteles em Cnido: "Vendo a divina imagem de Vênus, filha dos mares, tu dirás: subscrevo o juízo do frígio Páris. Se vires em seguida a Minerva de Atenas, exclamarás: quem não lhe adjudicou o primeiro era um boieiro!"
    posted by iSygrun Woelundr @ 8:42 PM   0 comments
    PROMETEU E PANDORA

    A Criação do Mundo

    A Caixa de Pandora
    As Idades do Mundo
    Prometeu Forma o Homem
    As Duas Partes de Prometeu
    O Fogo Arrebatado aos Homens
    Suplício e Libertação de Prometeu

    A Criação do Mundo
    A criação do mundo é um problema que, muito naturalmente, desperta a curiosidade do homem, seu habitante. Os antigos pagãos, que não dispunham, sobre o assunto, das informações que dispomos, procedentes das Escrituras, tinham sua própria versão sobre o acontecimento, que era o seguinte:
    Antes de serem criados a terra, o mar e o céu, todas as coisas apresentavam um aspecto a que se dava o nome de Caos - uma informe e confusa massa, mero peso morto, no qual, contudo, jaziam latentes as sementes das coisas. A terra, o mar e o ar estavam todos misturados; assim, a terra não era sólida, o mar não era líquido e o ar não era transparente. Deus e a Natureza intervieram finalmente e puseram fim a essa discórdia, separando a terra do mar e o céu de ambos. Sendo a parte ígnea a mais leve, espalhou-se e formou o firmamento; o ar colocou-se em seguida, no que diz respeito ao peso e ao lugar. A terra, sendo a mais pesada, ficou para baixo, e a água ocupou o ponto inferior, fazendo flutuar a terra.
    Nesse ponto, um deus - não se sabe qual - tratou de empregar seus bons ofícios para arranjar e dispor as coisas na terra. Determinou aos rios e lagos seus lugares, levantou montanhas, escavou vales, distribuiu os bosques, as fontes, os campos férteis e as áridas planícies, os peixes tomaram posse do mar, as aves do ar e os quadrúpedes da terra.

    Tornara-se necessário, porém, um animal mais nobre, e foi feito o Homem. Não se sabe se o criador o fez de materiais divinos, ou se na terra, há tão pouco tempo separada do céu, ainda havia algumas sementes celestiais ocultas. Prometeu tomou um pouco dessa terra e, misturando-se com água, fez o homem à semelhança dos deuses. Deu-lhe o porte erecto, de maneira que, enquanto os outros animais têm o rosto voltado para baixo, olhando a terra, o homem levanta a cabeça para o céu e olha as estrelas.
    Prometeu era um dos titãs, uma raça gigantesca, que habitou a terra antes do homem. Ele e seu irmão Epimeteu foram incumbidos de fazer o homem e assegurar-lhe, e aos outros animais, todas as faculdades necessárias à sua preservação. Epimeteu encarregou-se da obra e Prometeu de examiná-la, depois de pronta. Assim, Epimeteu tratou de atribuir a cada animal seus dons variados, de coragem, força, rapidez, sagacidade; asas a um, garras a outro, uma carapaça protegendo um terceiro, etc. Quando, porém, chegou a vez do homem, que tinha de ser superior a todos os outros animais, Epimeteu gastara seus recursos com tanta prodigalidade, que nada mais restava. Perplexo, recorreu a seu irmão Prometeu, que, com a ajuda de Minerva, subiu ao céu e acendeu sua tocha no carro do sol, trazendo o fogo para o homem. Com esse Dom, o homem assegurou sua superioridade sobre todos os outros animais. O fogo lhe forneceu o meio de construir as armas com que subjugou os animais e as ferramentas com que cultivou a terra; aquecer sua morada, de maneira a tornar-se relativamente independente do clima, e, finalmente, criar a arte da cunhagem das moedas, que ampliou e facilitou o comércio.

    A Caixa de Pandora
    A mulher não fora ainda criada. A versão (bem absurda) é que Júpiter a fez e enviou-a a Prometeu e seu irmão, para puni-los pela ousadia de furtar o fogo do céu, e ao homem, por tê-lo aceito. A primeira mulher chamava-se Pandora. Foi feita no céu, e cada um dos deuses contribuiu com alguma coisa para aperfeiçoá-la. Vênus deu-lhe a beleza, Mercúrio a persuasão, Apolo a música, etc. Assim dotada, a mulher foi mandada à terra e oferecida a Epimeteu, que de boa vontade a aceitou, embora advertido pelo irmão para ter cuidado com Júpiter e seus presentes. Epimeteu tinha em sua casa uma caixa, na qual guardava certos artigos malignos, de que não se utilizara, ao preparar o homem para sua nova morada. Pandora foi tomada por intensa curiosidade de saber o que continha aquela caixa, e, certo dia, destampou-a para olhar. Assim, escapou e se espalhou por toda a parte uma multidão de pragas que atingiram o desgraçado homem, tais como a gota, o reumatismo e a cólica para o corpo, e a inveja, o despeito e a vingança para o espírito. Pandora apressou-se em colocar a tampa na caixa, mas, infelizmente, escapara todo o conteúdo da mesma, com exceção de uma única coisa, que ficara no fundo, e que era a esperança. Assim, sejam quais forem os males que nos ameacem, a esperança não nos deixa inteiramente; e, enquanto a tivermos nenhum mal nos torna inteiramente desgraçados.
    Uma outra versão é de que Pandora foi mandada por Júpiter com boa intenção, a fim de agradar ao homem. O rei dos deuses entregou-lhe, como presente de casamento, uma caixa, em que cada deus colocara um bem. Pandora abriu a caixa, inadvertidamente, todos os bens escaparam, exceto a esperança. Essa versão é, sem dúvida, mais aceitável que a primeira. Realmente, como poderia a esperança, jóia tão preciosa, ter sido misturada a toda a sorte de males, como na primeira versão?
    As Idades do Mundo
    Estando, assim, povoado o mundo, seus primeiros tempos constituíram uma era de inocência e ventura, chamada a Idade de Ouro. Reinavam a verdade e a justiça, embora não impostas pela lei, e não havia juizes para ameaçar ou punir. As florestas ainda não tinham sido despojadas de suas árvores para fornecer madeira aos navios, nem os homens haviam construídos fortificações em torno de suas cidades. Espadas, lanças ou elmos eram objetos desconhecidos. A terra produzia tudo necessário para o homem, sem que esse se desse o trabalho de lavrar ou colher. Vicejava uma primavera perpétua, as flores cresciam sem sementes, as torrentes dos rios eram de leite e de vinho, o mel dourado escorria dos carvalhos.
    Seguiu-se a Idade de Prata, inferior à de Ouro, porém melhor do que a de Cobre. Júpiter reduziu a primavera e dividiu o ano em estações. Pela primeira vez o homem teve que sofrer os rigores do calor e do frio, e tornaram-se necessária as casas. As primeiras moradas foram as cavernas, os abrigos das árvores frondosas e cabanas feitas de hastes. Tornou-se necessário plantar para colher. O agricultor teve de semear e de arar a terra, com ajuda do boi.
    Veio, em seguida, a Idade de Bronze, já mais agitada e sob ameaça das armas, mas ainda não inteiramente má. A pior foi a Idade do Ferro. O crime irrompeu, como uma inundação; a modéstia, a verdade e a honra fugiram, deixando em seus lugares a fraude e a astúcia, a violência e a insaciável cobiça. Os marinheiros estenderam as velas ao vento e as árvores foram derrubadas nas montanhas para servir de quilhas dos navios e ultrajar a face do oceano. A terra, que até então fora cultivada em comum, começou a ser dividida entre os possuidores. Os homens não se contentaram com o que produzia a superfície: escavou-se a terra e tirou-se do seu seio os minérios e metais. Produziu-se o danoso ferro e o ainda mais danoso ouro. Surgiu a guerra, utilizando-se de um e de outro como armas; o hóspede não se sentia em segurança em casa de seu amigo; os genros e sogros, os irmãos e irmãs, os maridos e mulheres não podiam confiar uns nos outros. Os filhos desejavam a morte dos pais, a fim de lhe herdarem a riqueza; o amor familiar caiu prostrado. A terra ficou úmida de sangue, e os deuses a abandonaram, um a um, até que ficou somente Astréia (Deusa da inocência e da pureza. Depois de sair da terra, foi colocada entre as estrelas, onde se transformou na constelação Virgo. Era filha de Têmis (Justiça), representada com uma balança em que pesa as alegações das partes adversárias.), que, finalmente, acabou também partindo.
    Vendo aquele estado de coisas, Júpiter indignou-se e convocou os deuses para um conselho. Todos obedeceram à convocação e tomaram o caminho do palácio do céu. Esse caminho pode ser visto por qualquer um nas noites claras, atravessando o céu, e é chamado a Via Láctea. Ao longo dele ficam os palácios dos deuses ilustres; a plebe celestial vive à parte, de um lado ou de outro.
    Dirigindo-se à assembléia, Júpiter expôs as terríveis condições que reinavam na terra e encerrou as suas palavras anunciando a intenção de destruir todos os seus habitantes e fazer surgir uma nova raça, diferente da primeira, que seria mais digna de viver e saberia melhor cultuar os deuses. Assim dizendo, apoderou-se de um raio e já estava prestes a atirá-lo contra o mundo, destruindo-o pelo fogo, quando atentou para o perigo que o incêndio poderia acarretar para o próprio céu.

    Mudou, então, de idéia, e resolveu inundar a terra. O vento norte, que espalha as nuvens, foi encadeado; o vento sul foi solto e em breve cobriu todo o céu com escuridão profunda. As nuvens, empurradas em bloco, romperam-se com fragor; torrentes de chuva caíram; as plantações inundaram-se; o trabalho de um ano do lavrador pereceu em uma hora. Não satisfeito com suas próprias águas, Júpiter pediu a ajuda de seu irmão Netuno. Este soltou os rios e lançou-os sobre a terra. Ao mesmo tempo, sacudiu-a com um terremoto e lançou o refluxo do oceano sobre as praias. Rebanhos, animais, homens e casas foram engolidos e os templos, com seus recintos sacros, profanados. Todo edifício que permanecerá de pé foi submergido e suas torres ficaram abaixo das águas. Tudo se transformou em mar, num mar sem praias. Aqui e ali, um indivíduo refugia-se num cume e alguns poucos, em barcos, apoiam o remo no mesmo solo que ainda há pouco o arado sulcara. Os peixes nadam sobre os galhos de árvores; a âncora se prende num jardim. Onde recentemente os cordeirinhos brincavam, as focas cabriolam desajeitadamente. O lobo nada entre as ovelhas, os fulvos leões e os tigres lutam nas águas. A força do javali de nada lhe serve, nem a ligeireza do cervo. As aves tombam, cansadas, na água, não tendo encontrado terra onde pousar. Os seres vivos que a água poupara caem como presas da fome.

    De todas as montanhas, apenas o Parnaso ultrapassa as águas. Ali, Deucalião e sua esposa Pirra, da raça de Prometeu, encontram refúgio - ele é um homem justo, ela uma devota fiel dos deuses. Vendo que não havia outro vivente além desse casal e lembrando-se de sua vida inofensiva e de sua conduta piedosa, Júpiter ordenou aos ventos do norte que afastassem as nuvens e mostrassem o céu à terra e a terra ao céu. Também Netuno ordenou a Tritão que soasse sua concha determinando a retirada das águas. As águas obedeceram; o mar voltou às suas costas e os rios aos seus leitos. Deucalião assim se dirigiu, então, a Pirra: "Ó esposa, única mulher sobrevivente, unida a mim primeiramente pelos laços do parentesco e do casamento, e agora por um perigo comum, pudéssemos nós possuir o poder de nosso antepassado Prometeu e renovar a raça, como ele fez, pela primeira vez! Como não podemos, porém, dirijamo-nos àquele templo e indaguemos dos deuses o que nos resta a fazer." Entraram num templo coberto de lama e aproximaram-se do altar, onde nenhum fogo crepitava. Prostraram-se na terra e rogaram à deusa que os esclarecesse sobre a maneira de se comportar naquela situação miserável. "Saí do templo com a cabeça coberta e as vestes desatadas e atirai para trás os ossos de vossa mãe" - respondeu o oráculo. Estas palavras foram ouvidas com assombro. Pirra foi a primeira a romper o silêncio: "Não podemos obedecer; não vamos nos atrever a profanar os restos de nossos pais." Seguiram pela fraca sombra do bosque, refletindo sobre o oráculo. Afinal, Deucalião falou: "Se minha sagacidade não me ilude, poderemos obedecer a ordem sem cometermos qualquer impiedade. A Terra é a mãe comum de nós todos; as pedras são seus ossos; poderemos lançá-las para trás de nós; e creio ser isto que o oráculo quis dizer. Pelo menos, não fará mal tentar." Os dois velaram o rosto, afrouxaram as vestes, apanharam as pedras e atiraram-nas para trás. As pedras (maravilha das maravilhas!) amoleceram e começaram a tomar forma. Pouco a pouco, foram assumindo uma grosseira semelhança com a forma humana, como um bloco ainda mal acabado nas mãos de um escultor. A umidade e o lodo que havia sobre elas transformaram-se em carne; a parte pétrea transformou-se nos ossos; as veias ou veios da pedra continuaram veias, conservando seu nome e apenas mudando sua utilidade. As pedras lançadas pelas mãos do homem tornaram-se homens, as lançadas pela mulher tornaram-se mulheres. Era uma raça forte e bem disposta para o trabalho como até hoje somos, mostrando bem a nossa origem.
    Prometeu Forma o Homem
    Japeto representa o antepassado da humanidade. Talvez seja preciso reconhecer, nessa personagem a que Gênesis dá por filho a Noé, Jafé, cujo nome personifica uma das grandes raças primitivas. Era considerado pelos gregos o tipo do que há de mais antigo e associa-se habitualmente a Saturno. Desposara Ásia, filha do Oceano, e teve vários filhos, entre outros Prometeu, Epimeteu e Atlas. O Titã Japeto não desempenha papel na mitologia; a sua importância vem da antigüidade que se lhe atribuía e que lhe dava o mesmo tempo que os mais antigos deuses.
    Embora seja o Titã Japeto tido como antepassado da humanidade, parece que é a seu filho Prometeu que devemos a forma particular que nos distingue dos animais. "Prometeu, diz Ovídio, após destemperar um pouco de terra com água, formou o homem à semelhança dos deuses; e enquanto os outros animais têm a cabeça voltada para o chão, somente o homem a ergue para o céu, e olha para o céu." A fabricação do homem por Prometeu está representada em monumentos assaz numerosos, mas que pertencem na sua maioria a uma baixa época.
    Em todas as representações antigas, Prometeu aparece como artesão que faz o homem materialmente, mas não como o deus que o anima. Esse papel cabe a Minerva (a Sabedoria divina): vários monumentos nos apresentam nitidamente a parte que cabe a cada um na criação da espécie humana.
    As Duas Partes de Prometeu
    Prometeu orgulhava-se do seu trabalho; e tendo surgido divergências entre os deuses e os homens primitivos, tomou ele o partido destes. As divergências, das quais Hesíodo não nos diz a causa, eram acertadas em Sicíona: Prometeu, desejando saber se Júpiter era verdadeiramente digno das honras divinas, excogitou um ardil para provar a sua clarividência. "Expôs aos olhos de todos, diz Hesíodo, um enorme boi. De um lado, encerrou na pele as carnes e os melhores pedaços, envolvendo-os com o ventre da vítima; do outro, dispôs com pérfida habilidade os ossos brancos que recobriu de gordura lustrosa. O pai dos deuses e dos homens disse-lhe, então: "Filho de Japeto, ó mais ilustre de todos os reis, amigo, com que desigualdade dividiste as partes!" Prometeu, sorrindo interiormente do ardil, rogou-lhe que escolhesse, e Júpiter, apoderando-se da parte mais pesada, só ali encontrou ossos."
    O Fogo Arrebatado aos Homens
    Júpiter, furioso por ter sido enganado, quis vingar-se dos homens, dos quais Prometeu é protetor, e roubou-lhes o fogo, sem o qual todo e qualquer trabalho é impossível. Mas Prometeu não se deu por vencido, e conseguiu roubar uma faísca do fogo do céu, que se apressou em levar aos homens. Dessa vez, Júpiter, vendo-se decididamente iludido pelo Titã, não conteve o ressentimento e resolveu punir simultaneamente os homens e o protetor. A grosseria dessa lenda é uma prova de sua grande antigüidade; no entanto, não deu origem a nenhuma representação plástica no período arcaico. Nas narrações dos poetas, o fogo estava contido numa folha e invisível a todos os olhos; pelo contrário, o oleiro mostra a chama a sair de um vasinho que o Titã segura com a mão.
    Júpiter diz a Prometeu: "Filho de Japeto, rejubilas-te por haveres roubado o fogo divino e iludido a minha sabedoria; mas esse ato será fatal a ti e aos homens que hão de vir. Para vingar-me, enviar-lhes-ei um funesto presente que os enfeitiçará e fará com que amem o seu próprio flagelo." (Hesíodo).
    Suplício e Libertação de Prometeu
    Júpiter revelou-se cruel para com Prometeu e, a fim de puni-lo por ter dado o fogo aos homens, agrilhoou-o ao Cáucaso. Uma águia lhe dilacerava constantemente o fígado e a sua carne renascia imediatamente para que o suplício se renovasse todos os dias. A luta de Júpiter contra Prometeu foi interpretada de maneira assaz diferentes, mas segundo os trágicos seria possível ver nela uma vaga recordação de uma mudança de crenças. Na antigüidade, Prometeu ficou como tipo de justiça esmagada pela força, da consciência humana protestando contra um poder inexorável.
    O suplício de Prometeu teria, no entanto, fim. Hércules, o matador dos monstros e grande reparador de erros, livrou o Titã matando a águia que o roía. Prometeu, que conhecia o futuro, predissera que quem desposasse a Nereida Tétis, teria um filho mais poderoso que o pai, e o rei dos deuses, sabendo de tal profecia, renunciou ao projeto de unir-se a Tétis. Como recordação desse serviço, Júpiter não obstaculou a libertação de Prometeu; mas já que afirmara que o suplício duraria milhares de anos e que um deus não deve mentir, excogitou-se um subterfúgio. De um dos elos da cadeia que agrilhoava o Titã se fez um anel, no qual se introduziu um pedacinho do rochedo; desse modo, Prometeu continuava sempre preso ao Cáucaso.
    Um interessante sarcófago no museu Capitolino fixa em várias cenas toda a lenda de Prometeu.
    Há algumas variantes na história de Prometeu: alguns lhe atribuem a fabricação da mulher, bem como a do homem, o que tiraria toda a razão de ser da linda Fábula de Pandora. Entretanto, existem sobre essa versão monumentos que não podemos desprezar. Um baixo-relevo antigo nos mostra Prometeu segurando um desbastador e modelando a primeira mulher; um homenzinho ainda não animado está deitado aos pés do escultor e quem Mercúrio conduz uma alma, caracterizada pelas asas de borboleta, e que irá habitar o corpo terminado por Prometeu. Atrás de Mercúrio, vemos as três Parcas que fiarão o destino da nova criatura. O touro, o burro e a lebre, colocados perto do escultor, relembram uma tradição segundo a qual Prometeu, ao formar a espécie humana, misturou ao limo de que se servia as qualidades dos diversos animais.
    posted by iSygrun Woelundr @ 8:34 PM   1 comments
    PROMETEU

    A figura trágica e rebelde de Prometeu, símbolo da humanidade, constitui um dos mitos gregos mais presentes na cultura ocidental. Filho de Jápeto e Clímene - ou da nereida Ásia ou ainda de Têrmis, irmã de Cronos, segundo outras versões - Prometeu pertencia à estirpe dos Titãs, descendentes de Urano e Gaia e inimigos dos deuses olímpicos. O poeta Hesíodo relatou, em sua Teogonia, como Prometeu roubou o fogo escondido no Olimpo para entregá-lo aos homens. Fez do limo da terra um homem e roubou uma fagulha do fogo divino a fim de dar-lhe vida. Para castigá-lo, Zeus enviou-lhe a bonita Pandora, portadora de uma caixa que, ao ser aberta, espalharia todos os males sobre a Terra. Como Prometeu resistiu aos encantos da mensageira, Zeus o acorrentou a um penhasco, onde uma águia devorava diariamente seu fígado, que se reconstituía. Lendas posteriores narram como Hércules matou a águia e libertou Prometeu. Na Grécia, havia altares consagrados ao culto a Prometeu, sobretudo em Atenas. Nas lampadofórias (festas das lâmpadas), reverenciavam-se ao mesmo tempo Prometeu, que roubara o fogo do céu, Hefesto, deus do fogo, e Atena, que tinha ensinado o homem a fazer o óleo de oliva. A tragédia Prometeu acorrentado, de Ésquilo, foi a primeira a apresentá-lo como um rebelde contra a injustiça e a onipotência divina, imagem particularmente apreciada pelos poetas românticos, que viram nele a encarnação da liberdade humana, que leva o homem a enfrentar com orgulho seu destino. Prometeu significa etimologicamente "o que é previdente". O mito, além de sua repercussão literária e artística, tem também ressonância profunda entre os pensadores. Simbolizaria o homem que, para beneficiar a humanidade, enfrenta o suplício inexorável; a grande luta das conquistas civilizadoras e da propagação de seus benefícios à custa de sacrifício e sofrimento.
    posted by iSygrun Woelundr @ 8:15 PM   0 comments
    DE URANO A CRONOS

    A Primeira Geração Divina
    Titãs

    Oceano
    Ciclope

    À primeira fase do Cosmo segue-se o que se poderia chamar estágio intermediário, em que Úrano (Céu) se une a Géia (Terra), de que procede numerosa descendência: Titãs, Titânidas, Ciclopes, Hecatonquiros, além dos que nasceram do sangue de Úrano e de todos os filhos destes e daqueles.
    A união de Úrano e Géia é o que se denomina hierogamia, um casamento sagrado, cujo objetivo precípuo é a fertilidade da mulher, dos animais e da terra. É que, o casamento sagrado, "atualiza a comunhão entre os deuses e os homens; comunhão, por certo passageira, mas com significativas conseqüências. Pois a energia divina convergia diretamente sobre a cidade - em outras palavras, sobre a "Terra" - santificava-a e lhe garantia a prosperidade e a felicidade para o ano que começava". Essas hierogamias se encontram em quase todas as tradições religiosas. Simbolizam não apenas as possibilidades de união com os deuses, mas também uniões de princípios divinos que provocam certas hipóstases. Uma das mais célebres dessas uniões é a de Zeus (o poder, a autoridade) e Têmis (a justiça, a ordem eterna) que deu nascimento a Eunomia (a disciplina), Irene (a paz) e Dique (a justiça).
    Curioso que o casamento, instituição que preside à transmissão da vida, aparece é muitas aureolado de um culto que exalta e exige a virgindade, simbolizando, vezes assim, a divina da vida, de que as uniões do homem e da mulher são apenas origem projeções, receptáculos, instrumentos e canais transitórios. No Egito havia as esposas de Amondeus da fecundidade. Eram normalmente princesas, consagradas ao deus e , que dedicavam sua virgindade a essa teogamia. Em Roma, as Vestais, sacerdotisas de Vesta, deusa da lareira doméstica, depois deusa da Terra, a Deusa Mãe, se caracterizavam por uma extrema exigência de pureza.
    Retornando à primeira geração divina, temos, inicialmente, o seguinte quadro:
    Úrano è Géia
    Titãs: Oceano, Ceos, Crio, Hiperíon, Jápeto, Crono
    Titânidas: Téia, Réia, Têmis, Mnemósina, Febe, Tétis
    Ciclopes: Arges, Estérope, Brontes
    Hecatonquiros: Coto, Briaréu, Gias
    Titãs
    Em grego (Titán), é aproximado, em etimologia popular, de (títaks), rei, e (titéne), rainha, termos possivelmente de procedência oriental: nesse caso, Titã significaria "soberano, rei". Carnoy prefere admitir que os Titãs tenham sido primitivamente deuses solares e seu nome se explicaria pelo "pelágico" tita, brilho, luz. A primeira hipótese parece mais clara e adequada às funções dos violentos Titãs no mito grego. Os Titãs simbolizam, "as forças brutas da terra e, por conseguinte, os desejos terrestres em atitude de revolta contra o espírito", isto é, contra Zeus. Juntamente com os Ciclopes, os Gigantes e os Hecatonquiros representam eles as manifestações elementares, as forças selvagens e insubmissão da natureza nascente, prefigurando a primeira etapa da gestação evolutiva. Ambiciosos, revoltados e indomáveis, adversários tenazes do espírito consciente, patenteado em Zeus, não simbolizam apenas as forças brutas da natureza, mas, lutando contra o espírito, exprimem a oposição à espiritualização harmonizante. Sua meta é a dominação, o despotismo.
    Oceano
    Em grego (Okeanós), sem etimologia ainda bem definida. É possível que se trate de palavra oriental com o sentido de "circular, envolver". Parece que Oceano era concebido, a princípio, como um rio-serpente, que cercava e envolvia a terra. Pelo menos esta é a idéia que do mesmo faziam os sumérios, segundo os quais a Terra estava sentada sobre o Oceano, o rio-serpente. No mito grego, Oceano é a personificação da água que rodeia o mundo: é representado como um rio, o Rio-Oceano, que corre em torno da esfera achatada da terra, como diz Ésquilo em Prometeu Acorrentado: Oceano, cujo curso, sem jamais dormir, gira ao redor da Terra imensa.
    Quando, mais tarde, os conhecimentos geográficos se tornaram mais precisos, Oceano passou a designar o Oceano Atlântico, o limite ocidental do mundo antigo. Representa o poder masculino, assim como Tétis, sua irmã e esposa, simboliza o poder e a fecundidade feminina do mar. Como deus, Oceano é o pai de todos os rios, que, segundo a Teogonia, são mais de três mil, bem como das quarenta e uma Oceânidas, que personificam os riachos, as fontes e as nascentes. Unidas a deuses e, por vezes, a simples mortais, são responsáveis por numerosa descendência.
    O em razão mesmo de sua vastidão, aparentemente sem limites, é a imagem Oceano, da indistinção e da indeterminação primordial.
    De outro lado, o simbolismo do Oceano se une ao da água, considerada como origem da vida. Na mitologia egípcia, o nascimento da Terra e da vida era concebido como uma emergência do Oceano, à imagem e semelhança dos montículos lodosos que cobrem o Nilo, quando de sua baixa. Assim, a criação, inclusive a dos deuses, emergiu das águas primordiais. O deus primevo era chamado a Terra que emerge. Afinal, as águas, "simbolizam a soma de todas as virtualidades: são a fonte, a origem e o reservatório de todas as possibilidades de existência. Precedem a todas as formas e suportam toda a criação".
    Oceano e suas filhas, as Oceânidas, surgem na literatura grega como personagens da gigantesca tragédia de Ésquilo, Prometeu Acorrentado. Oceano, apesar de personagem secundária na peça, um mero tritagonista, é finalmente marcado por Ésquilo: tímido, medroso e conciliador, está sempre disposto a ceder diante do poderio e da arrogância de Zeus. Com o caráter fraco de seu pai contrastam as Oceânidas, que formam o coro da peça: preferem ser sepultadas com Prometeu a sujeitar-se à prepotência do pai dos deuses e dos homens.
    Mesmo quando os Titãs, após a mutilação de Úrano, se apossaram do mundo, Oceano resolveu não participar das lutas que se seguiram, permanecendo sempre à parte como observador atento dos fatos...
    Dada a pouca ou nenhuma importância dos Titãs Ceos, Crio e Hiperíon no mito grego, a não ser por seus casamentos, filhos e descendentes, vamos diretamente a Crono.
    Ciclope
    Em grego (Kýklops), "olho redondo", pois os Ciclopes eram concebidos como seres monstruosos com um olho só no meio da fronte. Demônios das tempestades, os três mais antigos são chamados, por isso mesmo, Brontes, o trovão, Estéropes, o relâmpago, e Arges, o raio.
    Os mitógrafos distinguem três espécies de Ciclopes: os Urânios (filhos de Úrano e Géia), os Sicilianos, companheiros de Polifemo, como aparece na Odisséia de Homero e os Construtores. Os primeiros, Brontes, Estéropes e Arges são os urânios. Encadeados pelo pai, foram, a pedido de Géia, libertados por Crono, mas por pouco tempo. Temendo-os, este os lançou novamente no Tártaro, até que, advertido por um oráculo de Géia de que não poderia vencer os Titãs sem o concurso dos Ciclopes, Zeus os libertou definitivamente. Estes, agradecidos, deram-lhe o trovão, o relâmpago e o raio. A Plutão ou Hades ofereceram um capacete que podia torná-lo invisível e a Posídon, o tridente. Foi assim, que os Olímpicos conseguiram derrotar os Titãs.
    A partir de então tornaram-se eles os artífices dos raios de Zeus.
    Como o médico Asclépio, filho de Apolo, fizesse tais progressos em sua arte, que chegou mesmo a ressuscitar vários mortos, Zeus, temendo que a ordem do mundo fosse transtornada, fulminou-o. Apolo, não podendo vingar-se de Zeus, matou os Ciclopes, fabricantes do raio, que eliminaria o deus da medicina.
    O segundo de Ciclopes, impropriamente denominados sicilianos, tendem a confundir-se com aqueles de que fala Homero na Odisséia. Estes eram selvagens, gigantescos, dotados de uma força descomunal e antropófagos. Viviam perto de Nápoles, nos chamados campos de Flegra. Moravam em cavernas e os únicos bens que possuíam eram seus rebanhos de carneiros. Dentre esses Ciclopes destaca-se Polifemo, imortalizado pelo cantor de Ulisses e depois, na época clássica, pelo drama satírico de Eurípedes, o Ciclope, o único que chegou completo até nós.
    Na época alexandrina, os Ciclopes "homéricos" transformaram-se em demônios subalternos, ferreiros e artífices de todas as armas dos deuses, mas sempre sob a direção de Efesto, o deus por excelência das forjas. Habitavam a Sicília, onde possuíam uma oficina subterrânea. De antropófagos se transmutaram na erudita poesia alexandrina em frágeis seres humanos, mordidos por Eros.
    A terceira leva de Ciclopes proviria da Lícia. A eles era atribuída a construção de grandes monumentos da época pré-histórica, formados de gigantescos blocos de pedra, cujo transporte desafiava as forças humanas. Ciclopes pacíficos, esses Gigantes se colocaram a serviço de heróis lendários, como Preto, na fortificação de Tirinto, e Perseu, na construção da fortaleza de Micenas.
    posted by iSygrun Woelundr @ 7:36 PM   0 comments
    Réia, Cibele e Nix

    As Origens

    Réia ou Cibele
    Ops
    Tártaro
    Hemera
    Nix
    Montes, Montanhas
    Pontos


    Réia ou Cibele



    Saturno, se bem que pai dos três principais deuses, Júpiter, Netuno e Plutão, não teve entre os poetas o título de Pai dos Deuses, talvez devido à crueldade que exerceu sobre os filhos, enquanto que Réia, sua esposa, era chamada a Mãe dos Deuses, a Grande Mãe, e era venerada com esse nome.



    Os diferentes nomes com que é designada a mãe de Júpiter exprimiam sem dúvida atribuições diversas da mesma pessoa. Realmente essa deusa, sob qualquer dos seus muitos nomes, é sempre a Terra, mãe comum de todos os seres. Réia ou Cibele, que nas cerimônias dos cultos e crenças religiosas dos povos, parece ter sido o mais honrado. Eis o que se contava de Cibele:



    Filha do Céu e da Terra, por conseguinte a própria Terra, Cibele, mulher de Saturno, era chamada a Boa Deusa, a Mãe dos Deuses, por ser mãe de Júpiter, de Juno, de Netuno, de Plutão e da maior parte dos deuses de primeira ordem. Logo depois de nascer, sua mãe expô-la em uma floresta, e os animais ferozes tomaram conta dela e alimentaram-na. Enamorou-se de Atis, jovem e formoso frígio, a quem confiou o cuidado do seu culto, sob a condição de que ele não violaria o seu voto de castidade. Atis esqueceu o juramento desposando a ninfa Sangarida, e Cibele puniu-o matando a rival. Atis ficou profundamente magoado; num acesso de delírio e desgraçado se mutilou; e ia enforcar-se, quando Cibele, com uma compaixão tardia, mudou-o em pinheiro.



    O culto de Cibele tornou-se célebre em Frígia, de onde foi levado a Creta. Foi introduzido em Roma na época da segunda guerra púnica. O simulacro da Boa Deusa, uma grande pedra muito tempo conservada em Pessino, foi colocada no templo da Vitória, no monte Palatino. Foi um dos penhores da estabilidade do império, e se instituiu uma festa, com combates simulados, em honra de Cibele. Os seus mistérios, tão dissolutos como os de Baco, eram celebrados com um confuso ruído de oboés e címbalos; os sacrificadores davam uivos.



    Sacrificavam-lhe uma porca, pela sua fertilidade, um touro ou uma cabra, e os padres, durante esses sacrifícios, sentados, batiam palmas no chão. O buxo e o pinheiro eram-lhe consagrados; o primeiro por ser a madeira de que se faziam as flautas, instrumentos empregados nas festas, e o segundo por causa do desgraçado Atis a quem Cibele tanto amara. Os seus sacerdotes eram os Cabiros, os Coribantes, os Curetes, os Dáctilos do monte Ida, os Galos, os Semíviros e os Telquinos, quase todos geralmente eunucos, em memória de Atis.



    Representava-se Cibele com os traços e o garbo de uma mulher robusta, com uma coroa de carvalho, árvore que havia alimentado os primeiros homens. As torres sobre a sua cabeça representam as cidades que estão sob a sua proteção, e a chave que está em sua mão indica os tesouros que o seio da terra esconde no inverno e oferece no estio. É conduzida num carro tirado por leões. O carro é o símbolo da Terra que se balança e rola no espaço; os leões demonstram que nada, por mais feroz, deixará de ser domado pela ternura maternal, ou por outra, - que não há solo rebelde à indústria fecunda. As suas vestes são matizadas, geralmente verdes, alusão aos ornatos da natureza. O tambor que está a seu lado é o globo terrestre; os címbalos, os gestos violentos dos seus sacerdotes indicam a atividade dos lavradores e o ruído dos instrumentos da agricultura.



    Alguns poetas supuseram que Cibele era a filha de Meon e Dindimo, rei e rainha da Frígia. Seu pai, tendo percebido que ela amava Atis, fez que este morresse com suas mulheres, e atirou os seus corpos em um montouro. Cibele ficou inconsolável.

    Ops



    Ops, o mesmo que Cibele e Réia ou a Terra, é representada como uma venerável matrona que estende a mão direita oferecendo socorro, e que com a esquerda dá pão ao pobre. Era também considerada com a deusa das riquezas. O seu nome quer dizer socorro, auxílio, assistência.



    Não há que admirar de ver-se a Terra, tantas vezes personificada sob denominações diferentes. Fonte inesgotável de riquezas, mãe fecunda de todos os bens, ela se oferecia à adoração dos povos sob vários aspectos, conforme o clima e a região; daí, as múltiplas lendas e os seus inumeráveis símbolos.

    Tártaro



    De etimologia desconhecida, até o momento, é o local mais profundo das entranhas da terra, localizado muito abaixo do próprio Hades. A distância que separa o Hades do Tártaro é a mesma que existe entre Géia, a Terra, e Úrano, o Céu. Um pouco mais tarde, quando o Hades foi dividido em três compartimentos, Campos Elísios, local onde ficavam por algum tempo os que pouco tinham o purgar, Érebo, residência também temporária dos que muito tinham a sofrer, o Tártaro se tornou o local de suplício permanente dos grandes criminosos, mortais e imortais. Quando Zeus proíbe os Imortais de se imiscuírem nas batalhas entre aqueus e troianos, e ameaça lançar os recalcitrantes nas profundezas do Tártaro, observa-se que este é perfeito sinônimo de Hades, aonde iam ter, para todo o sempre, sem prêmio nem castigo, todas as almas. A divisão do Hades em compartimentos é pós-homérica.



    Em Hesíodo a idéia de permanência eterna na outra vida já parece também existir, pelo menos para alguns deuses e mortais: lá foram lançados os Titãs e as almas dos homens da Idade de Bronze. Os Ciclopes tiveram mais sorte: duas vezes lançados no Tártaro, duas vezes de lá foram libertados, o que demonstra que para algumas divindades o Tártaro podia funcionar apenas como prisão temporária, ao menos até Hesíodo. Seja como for, é no Tártaro que as diferentes gerações divinas lançam sucessivamente seus inimigos, como os Ciclopes e depois os Titãs.

    Hemera



    Hemera, (Heméra), cuja base é o ino-europeu, "claridade". Hemera é a personificação do Dia, concebido como divindade feminina, formando com Éter um par, enquanto Érebo e Nix formam o outro.

    Nix



    Nix, é a personificação e a deusa da noite, cuja raiz é o indo-europeu - "escuridão". Habita o extremo Oeste, além do país de Atlas. Enquanto Érebo personifica as trevas subterrâneas, inferiores, Nix personifica as trevas superiores, de cima.



    Percorre o céu, coberta por um manto sombrio, sobre um carro puxado por quatro cavalos negros e sempre acompanhada das Queres. À Noite só se podem imolar ovelhas negras. Nix simboliza o tempo das gestações, das germinações e das conspirações, que vão surgir à luz do dia em manifestações de vida. É muito rica em todas as potencialidades de existência, mas entrar na noite é regressar ao indeterminado, onde se misturam pesadelos, íncubos, súcubos e monstros. Símbolo do inconsciente, é no sono da noite que aquele se libera.

    Montes. Montanhas



    No grego hesiódico (Úrea), do verbo (óresthai), "elevar-se", personificados como filhos de Géia, são em Hesíodo a "agradável habitação das Ninfas". Por sua altura e por ser um centro, a montanha tem um simbolismo preciso. Na medida em que ela é alta, vertical, aproximando-se do céu, é símbolo de transcendência; enquanto centro de hierofanias (manifestações do sagrado) e de teofanias (manifestações dos deuses), participa do simbolismo da manifestação. Como ponto de encontro entre o céu e a terra, é a residência dos deuses e o termo da ascensão humana. Expressão da estabilidade e da imutabilidade, a montanha, segundo os sumérios, é a massa primordial não diferenciada, o Ovo do mundo. Residência dos deuses, escalar a montanha sagrada é caminhar em direção ao Céu, como meio de se entrar em contato com o divino, e uma espécie de retorno ao Princípio.



    Todas as culturas têm sua montanha sagrada. Moisés recebeu as Tábuas da Lei no Monte Sinai; Garizim foi e continua a ser um cume sagrado nas montanhas de Efraim; o sacrifício de Isaac foi sobre a montanha; Elias obtém o milagre da chuva nos píncaros do monte Carmelo; uma das mais belas pregações de Cristo foi o Sermão da Montanha; a transfiguração de Jesus foi sobre uma alta montanha e sua ascensão, sobre o monte das Oliveiras...



    Os exemplos poderiam multiplicar-se. Acrescentemos, apenas, que o monte Olimpo era a morada dos deuses gregos; Dioniso foi criado no monte Nisa e Zeus o foi no Monte Ida. Montesalvat do Graal está situado no meio das ilhas inacessíveis.

    Na realidade, Deus está sempre mais perto quando se escala a montanha.

    Pontos



    Em grego (Póntos), talvez da raiz * pent, ação de caminhar, o sânscrito tem, caminho, e o latim pons, ponte, passarela. Pontos é, pois, a marcha, o caminho, "os caminhos do mar". Personificado, passou a figurar como representação masculina do mar. Não possuindo um mito próprio, aparece apenas nas genealogias teogônicas e cosmogônicas. O mar simboliza a dinâmica da vida. Tudo sai do mar e a ele retorna, tornando-se o mesmo, o lugar de nascimentos, transformações e renascimentos. Águas em movimento, o mar simboliza um estado transitório entre as possíveis realidades ainda informais e as realidades formais, uma situação de ambivalência, que é a da incerteza, da dúvida e da indecisão, que se pode concluir bem ou mal. Daí ser o mar simultaneamente a imagem da vida e da morte. Cretenses, gregos e romanos sacrificavam ao mar cavalos e touros, ambos símbolos de fecundidade. Símbolo também de hostilidade ao divino, o mar acabou por ser vencido e dominado por um deus. Segundo as cosmogonias babilônicas, Tiamat (O Mar), após contribuir para dar nascimento aos deuses, foi por um deles vencido. Javé, tinha domínio total sobre o mar e seus monstros, como diz Jó 7,12:

    "Acaso sou eu o mar ou baleia, para me teres encerrado como num cárcere?"


    Criação de Deus (GN 1,9-10), o mar tem que lhe estar sujeito (Jr 31,35). Cristo dá ordens aos ventos e ao mar, e as tempestades se transformam em bonança (Mt 8, 24-27).



    João (Ap 21,1) canta o mundo novo, em que o mar não mais existirá.
    posted by iSygrun Woelundr @ 7:26 PM   0 comments
    AFRODITE
    segunda-feira, outubro 02, 2006

    Pensando nisso fiquei paralisada... Senti um nó e um "vácuo" na mente. De repente qualquer coisa sobre Afrodite me parecia inadequada e superficial. Talvez seja o "nó" desse arquétipo em mim. Mas, mesmo assim, quero compartilhar com você o que esta sendo pesquisar e escrever sobre Afrodite, essa Deusa, representante de um aspecto feminino tão delicado, amoroso e potente. Um dia tomei posse do livro de uma amiga. Um casal de psicoterapeutas elegeu seis Deusas gregas e observou seus perfis psicológicos a partir do estudo de seus mitos.

    Hera: Deusa do Casamento (A Poderosa, A Esposa)
    Perséfone: jovem rainha do inferno (A Mística, a filha da Mãe)
    Atena: deusa das artes e da sabedoria (A Filha do Pai, a protetora dos valores paternos)
    Deméter: Deusa da fecundidade e da Maternidade (A Mãe)
    Ártemis: Deusa dos campos e da agricultura (A Irmã)
    Afrodite: Deusa do amor e da beleza ( A Amante, a que nasceu de um orgasmo)

    Foi surpreendente ver meu perfil apontando para o arquétipo de Afrodite. Com cinco filhos e uma maneira meio "selvagem" de parir, achei que Demeter e Ártemis fossem meus arquétipos mais evidentes. Mesmo Perséfone me seria mais familiar do que Afrodite. Parei para considerar e percebi que meus filhos sempre foram um marco em minha vida, mas foram os meus amores que orientaram as minhas decisões mais importantes. Muitas vezes eu sofri a dor insuportável de uma separação e percebi que passei a vida esperando ser curada das feridas que "meus amores" deixaram em mim. Nós somos como as estações...Cíclicas. Temos a fase do trabalho, dos filhos, do amor e outras tantas. Quis saber mais sobre a fase do "o amor e dos amantes". A idéia de ter uma edição dedicada a Afrodite, me remeteu ao aspecto feminino que ama o seu oposto, que se alquimiza e se supera através desse amor. Ponderar sobre isso não foi exatamente uma experiência rápida, fácil e indolor. Não fosse por esse artigo, eu acho até que dormiria mais cedo hoje. Mas Afrodite é mesmo uma deusa poderosa. Passarinhos já anunciam o dia e eu não chego ao fim do que deveria ser apenas a introdução do mito. Paciência. Sinto-me impelida!
    Vou citar a poesia de uma amiga e companheira de jornada, que descreveu tão bem o estado de espírito da mulher descobrindo sua Afrodite...Ferida...Amante...E alquímica.

    Obrigada amado meu,
    Obrigada por não me amares tanto assim Como eu a ti
    Obrigada por não te apaixonares por mim como eu por ti
    Pois graças a isso posso agora voar
    Para bem le ou para bem perto
    Onde a Minha vida e não a Tua me chamar
    Onde as minhas enormes asas
    Que tanta necessidade tem de se abrir
    Quiserem ir
    E me mostrar quão fortes estão
    E de quanto espaço necessita
    Se não fosse assim
    Me conformaria, amado meu
    Em permanecer encolhida, pequena, menos do que sou
    Fingindo ser uma galinha,
    Quando águia sou...
    Obrigada por não me amares tanto assim
    Pois é pela dor, pela falta, pelo pouco... Que vôo além, muito além...
    Do mundo do pouco ao infinito mundo
    Sem as portas, as janelas, as muralhas.
    Que meu coração aceitaria Se tu me amasses tanto assim
    Abri de novo minhas potentes asas.
    Adeus.

    Fátima Pessoa.

    Quando eu ouvi esse poema pela primeira vez, senti algo tremer em mim. Como eu conheço essa sensação. Como essa aparente contradição e conflito me são familiares. A sensação da potencia de ser, de amar, de compartilhar e comungar o que sou, junto com o Medo de ter que escolher entre voar livremente para a plenitude de mim ou permanecer refém do amado, pequena, ferida porque metade. Encolhendo, murchando e esvaziando...Diminuindo de tamanho e de intensidade. Com Medo de ser insuportavelmente presente ou ausente demais. Repleta de sentimentos e sensações fervilhando o tempo todo e vazando pelas palavras e emoções vulcânicas e Inevitáveis. Senti Afrodite em chagas...E quis conhecer o antídoto que curasse suas feridas. Procurei pelo prazer. Os cheiros e gostos.A Beleza, a Poesia. A Intuição e o Amor. Sendo este o mais raro dos sentimentos. Quis saber como é Afrodite em seu esplendor. Com toda a sua força, luz e o poder de seu amor e sensibilidade. Como chegar ao paraíso sem morrer? Como viver o amor sem o perdão, sem a misericórdia, sem a superação mais profunda e diária de nós mesmas? Como vivenciar Afrodite sem estar arbitrando a cada momento a favor do amor em nossas atitudes? Como conhecer o esplendor de Afrodite sem curar suas chagas? Achei no mundo algumas Afrodites...A maioria em Chagas. Vera Fisher? Marilyn Monroe? Maria madalena? E as mulheres do Afeganistão? Que se encolhem, se diminuem, murcham e finalmente, sucumbem buscando alívio para a dor. Parte de nós sucumbe junto com elas... Enquanto outra parte ressurge em mulheres como Isabel Allende. Há muito que se aprender sobre o amor, suas chagas e a magnitude de seu poder.

    O Mito Afrodite (Vênus)
    - Deusa do amor e da beleza. Na lenda de Homero, ela é dita como sendo a filha de Zeus e Dione, uma de suas consortes, mas na Teogonia de Hesíodo, ela é descrita como nascida da espuma do mar e, etimologicamente, seu nome quer dizer "erguida da espuma". De acordo com Homero, Afrodite é a esposa de Hefaístos, o deus das artes manuais. Seus amantes incluem Ares, deus da guerra, que posteriormente foi representado como seu marido. Era a rival de Perséfone, rainha do mundo subterrâneo, pelo o amor do belo jovem Adônis. Talvez a lenda mais famosa sobre Afrodite diga respeito à causa da Guerra de Tróia. Éris, a personificação da discórdia - a única deusa que não foi convidada ao casamento de Peleu e da ninfa Tétis - ressentida com os deuses, arremessou uma maçã dourada no corredor onde se realizava o banquete, sendo que na fruta estavam gravadas as palavras "à mais bela". Quando Zeus se recusou a julgar entre Hera, Atena, e Afrodite, as três deusas que reivindicaram a maçã pediram à Páris, príncipe de Tróia, para fazer a premiação. Cada deusa ofereceu à Paris um suborno: Hera prometeu-lhe que seria um poderoso governante; Atena que ele alcançaria grande fama militar; e Afrodite que ele teria a mulher humana mais linda do mundo. Páris declarou Afrodite como a mais bela e escolheu como prêmio Helena, a esposa do rei grego Menelau.
    O rapto de Helena por Páris foi a causa da Guerra de Tróia. Seu casamento com Hefesto, o deus coxo, não a impediu de se entregar com volúpia a outros amores. Conta-se que Hefesto estabeleceu sua forja às bases do Etna, na Sicília, o que ocasionava las jornadas fora de casa. Enquanto isso, sua esposa partilhava o leito com seu amante Ares, todas as noites, tendo como vigia, Aléctrion, amigo de Ares. Certo dia, o sentinela dormiu em seu posto e Hélio, o Sol que a tudo vê, pilhou o casal em adultério, avisando Hefesto em seguida. Traído, o deus teceu uma rede fina onde logrou prender os dois amantes e os expôs aos deuses que deles se escarneciam. Tempos depois, Afrodite avistou Anquises, pastor de ovelhas que guiava seus rebanhos pelas pastagens do monte Ida. Transformada na princesa Otréia uniu-se a ele. Ao amanhecer, descobriu a verdadeira origem da deusa e, embora fosse por ela advertido de que deveria manter segredo sobre aquele encontro, vangloriou-se publicamente de sua ligação com a deusa. Como castigo, Zeus enviou-lhe um raio, mas Afrodite conseguiu salvá-lo. Seus amores extraconjugais não param por aí. Com Adônis, filho de Esmirna, teve um grande romance tragicamente interrompido pela morte prematura do rapaz, vítima dos ciúmes de Ares. Afrodite gerou muitos filhos, frutos das suas diversas incursões amorosas. Assim, de seu romance com Hermes, nasceu Hermafrodito, belo como a mãe, mas desprovido de ardor amoroso. Criado pelas Ninfas, ao completar quinze anos pôs-se a correr o mundo. Chegando à Cária despiu-se porque queria banhar-se num lago.
    Foi surpreendido pela ninfa Sálmacis que de imediato se apaixonou pelo jovem. Indiferente, Hermafrodito a desprezou e a ninfa atirou-se no lago enlaçando-o fortemente. Sálmacis suplicou aos deuses que não permitissem que eles jamais fossem separados. Atendida em seu pedido, os dois corpos fundiram-se num só e Hermafrodito transformou-se numa criatura de dupla natureza. Com Ares engendrou Eros (Cupido), Harmonia, Deimos e Fobos. Com Dionísio, Afrodite concebeu Priapo, dotado de um falo descomunal. De seu romance com o mortal Anquises, nasceu Enéias, grande herói troiano. A deusa também era conhecida e temida por suas explosões de ódio que ocorriam principalmente quando era contrariada em seus caprichos. Sua arma favorita, utilizada em suas vinganças, era o amor, o qual habilmente transformava em arma certeira, muitas vezes fatal. Desprezada por Hipólito, filho de Teseu, que prestava culto à Ártemis, fez com que sua madrasta Fedra, esposa de Teseu fosse tomada de violenta paixão pelo jovem.
    Repelida pelo rapaz e tomada de despeito mentiu ao marido dizendo que Hipólito a havia tentado violentar. Posídon, a pedido de Teseu, executou a vingança fazendo com que os cavalos que puxavam seu carro se assustassem com um monstro surgido inesperadamente do mar e se precipitassem nos rochedos. Hipólito morreu e Fedra, cheia de remorso suicidou-se. Quando tomou ciência de que seu amante Ares se havia unido a Eos, a Aurora, fez com que esta fosse acometida de muitas paixões, todas elas culminando em grandes tristezas. A divindade era inicialmente relacionada aos instintos e à fecundidade, foi pouco a pouco adquirindo a denominação de deusa do amor no seu sentido mais nobre e puro.
    Com o tempo, a deusa foi sendo imbuída de outras conotações que se referiam às diversas formas de expressão do amor. Em Atenas era conhecida por Hetaira, a cortesã; em Esparta adquiriu caráter guerreiro; na Argólia era conhecida como Pelagia ou Pontia, divindade protetora dos marinheiros. Entretanto, sua atribuição mais conhecida é a de deusa da beleza e do amor, defensora do prazer pelo prazer simbolizado pela atração sexual com o poder de satisfazer e desfrutar todo e qualquer desejo amoroso.




    Que "arejante" a versatilidade dessa deusa! Podemos perceber as muitas faces de Afrodite e com isso quebrar nossa visão cristalizada dessa energia venusiana e poderosa. Afrodite desperta em nós o gosto pela beleza, pelas artes e pelo amor.
    Sempre que nos banhamos com carinho, nos perfumamos, escrevemos ou lemos uma poesia e experimentamos o intenso prazer que nosso corpo produz, estamos transitando no domínio de Afrodite. Nesses momentos aquecemos nossos corações em suas águas mornas, cheias de pétalas de rosas perfumadas.... Um símbolo de amor profundo, sensual e verdadeiro. O prazer intenso está necessariamente associado ao amor. Essa dissociação é a essência da "Chaga de Afrodite".
    E para curar essa Chaga, amemos nosso semelhante como amamos a nós mesmas. Cultuar Afrodite em nosso cotidiano é escolher a cada momento o prazer, o amor, o perdão e o sorriso, exercitando nosso livre arbítrio de maneira femininamente sábia. Para fechar o artigo, vale a pena ler as doces palavras de Gibran nesse momento...
    S.M.E.

    Seguindo o amor
    Quando o amor acenar, siga-o ainda que por caminhos ásperos e íngremes.
    E quando suas asas o envolverem, renda-se a ele
    Ainda que a lâmina escondida sob suas asas possa feri-lo.
    E quando ele falar a você, acredite no que ele diz,
    Ainda que sua voz possa destroçar seus sonhos,
    Assim como o vento norte devasta o jardim.
    Pois, se o amor coroa, ele também o crucifica.
    Se o ajuda a crescer, também o diminui.
    Se o faz subir às alturas e acaricia seus ramos mais tenros que tremem ao sol,
    também o faz descer às raízes e abala sua ligação com a terra.
    Como os feixes de trigo, ele o mantém íntegro.
    Debulha-o até deixá-lo nu.
    Transforma-o, livrando-o de sua palha.
    Tritura-o, até torná-lo branco. Amassa-o, até deixá-lo macio e, então,
    submeta-o ao fogo para que se transforme em pão, no banquete sagrado de Deus.
    Todas essa coisas pode o amor fazer para que você conheça os segredos de seu coração e,
    com esse conhecimento, se torne um fragmento do coração da VIDA.
    Khalil Gibran
    posted by iSygrun Woelundr @ 2:14 PM   0 comments
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