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    domingo, abril 16, 2006

    Assi Hatoum

    INTRODUÇÃO
    Música, Alquimia e Psicologia em Atalanta Fugiens de Michael Maier
    "Os verdadeiros anjos estão cantando (como declaram as Sagradas Escrituras); os céus estão cantando, como Pitágoras confirma; e eles proclamam a glória de Deus, como reporta o salmista, as musas e Apolo estão cantando ;os pássaros, os carneiros e os gansos estão cantando em seus instrumentos musicais do mesmo modo de nós, também, cantamos e tocamos música, e não o fazemos sem razão".
    Atalanta Fugiens, discurso 6, p.35.
    Nestas palavras de Maier podemos ouvir não apenas o convite para tocar e cantar sua música, mas também o desafio para contemplar a música como um todo, em os seus aspectos: celestial ou divino, cósmico, psíquico ou humano e instrumental. Escondida aqui esta a verdadeira essência de percepção musical tal como se dava na antigüidade e na idade Média; isto sublinha (marca) tudo o que Maier disse sobre musica e tudo o que ele procura expressar na arquitetura musical de suas fugas.
    Portanto, este ensaio trabalha primeiramente com o significado da música como um todo e com o pensamento musical da Antigüidade e da Idade Média. Em segundo lugar, discute as fugas e suas implantações alquímicas. Finalmente , a 3ª parte trabalha com os aspectos psicológicos do Atalanta Fugiens.
    I – O significado da música
    A música é a manifestação de um tipo muito complexo. Inclui e combina uma ampla variedade de forças em oposição e seus mais profundos efeitos resultam do fecundo interjogo dinâmico de seus pólos opostos. A musica como uma manifestação pré - racional, como uma expressão de sentimentos e poderes da alma, permite, independentemente de palavras e conceitos, acesso aos
    caminhos da psique a seus campos pré verbais, não verbais e emocionais.
    A música como um fenômeno racional está relacionada à matemática, ordenada de acordo com o número, a medida e o peso, tem habilidade de estruturar e ordenar.
    A música como habilidade manual está mais intimamente conectada com a matéria e pode ajudar a estabelecer um relacionamento saudável com a tangível, compreensível, audível, visível, e perceptível realidade da existência, isto é, com a matéria.
    A música como uma potência que se relaciona à percepção intuitiva de potencialidade inerentes às coisas pode também abrir novos aspectos de existência a prover acesso a áreas de mais profunda percepção e vasta experiência do mundo e seu fundamento transcendental.
    A música enquanto mediadora de relacionamentos humanos é um meio de comunicação de primeira ordem. Pode auxiliar na remoção dos distúrbios das relações e permitir que um relacionamento entre pessoas torne-se mais afável, mais significativo e mais fértil. Ao mesmo tempo , a música pode ir por outro caminho, induzindo auto-conhecimento, concentração e contemplação.
    A música é, portanto, uma realidade viva da mais extensa e complementar natureza, tanto relacionada com a extroversão quanto à introversão.
    Ela diz respeito tanto ao racional como ao emocional, ao mudo como ao verbal, à contemplação intuitiva como à compreensão através dos sentidos, tanto à regiões ctônicas da terra como àquelas espirituais olímpicas e ao expansivo dionisíaco como ao contemplativo apolíneo.
    A música está intimamente conectada tanto à teoria quanto à prática, às ciências naturais tanto quanto às ciências espirituais. Se fizermos uma analogia com a maneira moderna de pensar da física moderna, podemos considerar a música tanto sob aspectos macrofísicos como microfísicos.
    Eventos do nível macrofísico patentemente obedecem a lei da causalidade e chegam inevitavelmente a resultados definidos. Estruturas microfísicas, no entanto, (i.e. um átomo indivisível) não são governadas por qualquer determinação causal. Tomadas em sua simplicidade permanecem indeterminadas e só podem ser compreendidas por leis estatísticas. Aplicado à música, isto
    significa que a música é predizível, pré-calculável e permite a si mesma ser determinada de acordo com o princípio de causa e efeito. Similarmente, como manifestação microfísica, a música é uma incalculável, uma atualidade acausal similar a um átomo indivisível na moderna física quântica. Isto significa, em relação à música como meio terapêutico em esferas psíquicas internas ou externas, primeiramente que a lei da causa e efeito tem aqui apensa uma limitada aplicação, e em segundo lugar que as leis derivadas de
    dados estatísticos não levam incondicionalmente a qualquer afirmação sobre as reações de um indivíduo. Em vista disso, pesquisa e terapia são confrontadas com limites que devem ser respeitados com toda prudência.
    É destes aspectos antiéticos da música que vêm sua grande variedade, mas também os seus perigos, através da decadência e destruição do equilíbrio harmonioso.
    A música enquanto um reino dinâmico e ativo, ordenado de acordo com o número, medida e peso, pode organizar uma condição psíquica caótica e levá-la a uma nova forma de vida orgânica. Pode também dissolver estruturas de pressão na psique, liberar energias psíquicas condensadas de seus canais bloqueados a dar à psique uma nova vida. A música pode liberar e pode cegar, obstruir. Pode levar o desorientado que se abateu a encontrar-se ao mundo e
    o que se perdeu no externo devolve a calma e a concentração; também à uma nova experiência do self.
    A música pode fazer uma pessoa demasiadamente fechada em si mesma e incapaz de relacionamento e comunicação com outros, buscar participação novamente. A música é efetiva em ambas as direções. Sempre, desde os tempos mais antigos,
    a música vem sendo pensada (vista) como tendo um efeito de harmonização e cura e de construção e educação.
    Compreendida em sua totalidade, a música tem a função de realização compensatória, ajuste complementar, estimulação, promoção do desenvolvimento. Nos tempos primitivos, por estas características, foi equacionada com a a harmonia. A tarefa e o objetivo da música enquanto harmonia é uma produtiva equalização de poderes, um equilíbrio nas áreas psíquicas e extra-psíquicas, as quais freqüentemente, como irmãos hostis, estão em conflito umas com as outras. Ela tem esta tarefa em comum com as artes curativas, visto que, de acordo com os antigos ensinamentos, os
    médicos deveriam controlar a alta arte de tomar os elementos hostis do corpo, amigáveis entre si e amorosamente agradáveis (Platão; O Banquete, 186d)
    Em vista de todos estes conceitos envolvidos da música, é compreensível que a música como um poder catártico e harmonizador foi considerada por médicos da Antigüidade como pertencente à ciência médica. Aqui o interesse por um
    trabalho harmoniosos junto aos humores e energias do corpo cobre uma importante área. Porquanto esforços terapêuticos em formas somáticas, psicossomáticas ou psíquicas para harmonizar energias dissociadas, representa um profundo interior musical. [E assim, desde a Antigüidade e harmonia entre corpo, alma e espírito é considerada condição preliminar para a vida e a saúde e os distúrbios nesta harmonia como causa de doença e
    morte. Um dito da Idade Média expressa isto assim: "Harmonia durante vivit homo, rupta vero eius proportionne moritur", ie. "enquanto dure a harmonia, a pessoa vive, mas quando sua proporção é perturbada, ela morre"]. (Adão de Fulda, séc. XIV, citado em MGG, vol. 5, col. 1600).
    O subconsciente do homem moderno também olha para trás, para a antiga experiência terapêutica da humanidade quando usa a música em sonhos, enquanto significado harmonioso, equalizador, equilibrador para indicar e ajudar a eliminar perturbações destrutivas. A música freqüentemente aparece aqui como uma forma de agente terapêutico no domínio interior da alma. Este profundamente arraigado tema da música em sonhos é o campo especial de
    pesquisas do autor e será discutido em outro lugar.
    Música
    A palavra música tem sua origem etimológica na palavra grega "mousikè" e significa em geral o todo das belas-artes, a arte do som musical, poesia e a arte da dança. Num sentido mais estreito (resumido), significa a arte do som musical como cantar, tocar e fazer música.
    Desde os tempos antigos a música vem sendo pensada como sendo de origem divina, de fato como tendo sua origem no próprio Deus.
    Entre as nove musas, filhas de Zeus, as deusas das belas-artes e das ciências, a musa Polyhymnia é adorada como deusa do canto e Euterpe como deusa da música instrumental. Apolo, o deus da luz e da sabedoria, o curador e o deus-sol é, ao mesmo tempo, deus do canto e da música. Dionísio, o deus das forças de crescimento nas plantas, do vinho e da embriagues, é adorado como o protetor das aulos-players. E Pan, deus dos pastores, dos caçadores e dos pequenos animais é adorado como inventor do syrinx. O último par
    representa simbolicamente as forças da terra, aplicadas para trazer o desenvolvimento fecundo e para criar o som musical a partir da terra. A figura mítica do cantor semidivino Orfeu, o grande músico e amante, o qual viajou em vida pela terra da morte, tem representado desde os tempos remotos o poder da musica para liberação, independência e derrota da morte. No antigo Egito, Osiris foi adorado como deus da musica e poesia. Na mitologia hindu, o deus criador, Prajapati, é tido como o originador na musica. O deus
    da vida, Vishnu, é também tomado como um dos originadores da música. De acordo com alguns ensinamentos indianos, houve um som primeiro do qual tanto os céus quando a terra vieram à existência. Os indianos chamam esta força musical primeira de Sabda – ou Som-Brahma, que como som-energia permeia e ordena todo o universo.
    Para Michael Maier, a musica também tem sua raiz no próprio Deus, no Logos criativo, no mundo sonoro, vida e luz do inicio, pelo qual todas as coisas foram feitas e para o qual todas as coisas voltarão (cf. John 1). Em suas "fugas" este principio eterno, que esta escondido entre todas as coisas criadas, como uma divina centelha dourada de luz, está simbolicamente presente na melodia gregoriana "Christie Eleison". Diremos mais a respeito posteriormente.
    A música, isto é, musica sonora que podemos ouvir, tem sido considerada desde tempos muito antigo como consistindo de duas partes: os ensinamentos teóricos da musica e a musica pratica. Música prática (muisikè praktikè) inclui canto, música instrumental e os conceitos básicos da pratica musical da melodia, ritmo e medida. Música teórica (mousikè theorètikè) incluem ambos os ensinamentos de ética e filosofia e aqueles sobre os sons, seus símbolos e sua ordenação melódica rítmica e métrica. Como um estudo das
    bases da musica, a musica teórica diz respeito sobretudo à sistematização dos sons, como um modelo de ordem e relacionamento cósmico e humano. A palavra teoria vem do grego theoria e significa literalmente, visão ou consideração. Assim musica teórica é uma consideração das proporções numéricas que formam as bases dos sons audíveis. No antigo instrumento musical chamado monocórdio, os sons eram medidos pela proporcional redução
    do comprimento da corda. As medidas e proporções que podiam ser encontradas desta forma eram consideradas na Antigüidade e na Idade Média como principio primeiros do cosmos, como o principio da existência de todo o mundo que se manifesta num padrão numérico que se pode não apenas compreender conceitualmente, mas também ouvir.
    Ambos os tipos de musica, a teórica e a pratica tem lugar juntas e
    complementam-se uma a outra, formando a assim chamada "Ars musica", a alta arte da musica, que na Idade Media pertencia às Sete Artes Liberais (compreendendo o Quadrivium Aritmética, Geométrica, Musica e Astronomia – e o trivium – Gramática, Dialética e Retórica) que constituíam a educação
    erudita da época. Musica teórica e musica pratica formam a unidade total "Ars musica", constituindo-se em opostos, complementando uma a outr a para tornar uma unidade simples. Há varias analogias para este todo unificado consistindo de dois pólos opostos, tais como energias masculinas e femininas, teoria e pratica, ciência e fé, espirito e matéria, consciente e inconsciente, etc.
    Na apresentação de Maier da "Quadratura"do Circulo" (Emblema 21), a analogia geométrica disto é o pequeno circulo interior desenhado em torno dos opostos polares de homem e mulher. Mas mesmo além do significado que tem "Ars musica", a musica tem representado para todos os povos, desde a Antigüidade, através da Idade Média e até a nossa época atual, uma expressão de realidades que fazem para além de palavras e conceitos, transcendendo-os e
    pertencendo ao divino e cósmico, tanto quanto às regiões psíquica e
    orgânicas da criação.
    Um importante teórico da musica do Sec. XIV. Jacob de Liege, deu expressão a isso quando disse: "A musica tomada como um todo cobre de fato tudo: Deus e suas criaturas, as forças espirituais e corpóreas, as coisas do céu e do homem, as ciências e as teóricas e praticas". (Speculum Musicae, livro 1, p.11 Bragard). Para este modo de pensar, Criador e criatura, corpo e
    espirito, celeste e terreno, teoria e pratica, aparecem como pólos que se completam um ao outro, ambos formando parte essencial do grande todo. Aqui a musica é entendida como um todo completo, cujas diferentes características manifestam-se em quatro formas principais:
    Musica celeste ou divina (musica coelestis vel divina)
    Musica das esferas (Musica mundana)
    Musica da alma humana e da humanidade, ordem psicossomática e harmonia (musica humana).
    Musica Instrumental e vocal (Musica instrumentalis)
    Aqui "Musica Coelestis vel divina"significa a Musica dos Céus ou Musica Divina, vista como instrumento da prece sem fim de Deus, do ininterrupto canto da prece do universo e seus anjos à magnificência do Criador. Musica dos Céus (paradisíaca) e principalmente relacionada à forças transcendentais e divinas, a "divina res", em particular aos anjos ou inteligência como movedores (ordenadores) das esferas.
    O mundo-som das esferas que são controladas por estas forças divinas é chamado Musica mundana, ou Musica das Esferas. Esta é a harmonia cósmica, a qual é relacionada à ordem harmônica do mundo no mais amplo sentido. Este aspecto cósmico da musica é tomado para representar aquela força harmônica para a ordem, a qual vive dentro de todos os seres e, que este estreitamento conectado ao universo harmonicamente proporciona um todo.
    A 3ª região de musica, musica humana, é a região de expressão das forças harmônicas para a unidade na alma humana e no corpo humano e da ordem harmônica entre corpo e alma como equilíbrio psicossomático e harmonia.
    A 4ª região da musica, musica instrumentalis, compreende a ordem no espaço terreno dos materiais orgânicos e inorgânicos e contem a musica vocal e instrumental. É o aspecto orgânico da musica, o qual é feito com instrumentos e a expressão audível e sonora de todos os seres vivos na existência terrena.
    Esta maneira de pensar sobre musica abarca a totalidade da criação incluindo suas profundas regiões, num mundo total ordenado de acordo com a medida, o numero e o peso. Deste ponto de vista da musica não existe divisão no sentido de separação ou dissociação das 4 regiões, a celestial/divina, a cósmica/mundana, a psíquica/humana e orgânica/instrumental. Ao invés disto,
    4 áreas completas, justapostas e complementares uma em relação a outra. São como os degraus da Escada de jacó que conectam Céu e Terra. Natureza, filosofia, alquimia e psicologia oferecem muitas analogias a estas 4 regiões, por exemplos os 4 elementos: fogo, água, ar e terra; os 4 temperamentos: sangüíneo, colérico, fleumático e melancólico, os 4 estágios principais do processo alquimico:
    1º - o estágio caótico da escuridão, a Nigrego ou negrume;
    2º - o estágio do clareamento, a Albedo ou embranquecimento;
    3º - o estágio do nascimento da luz, o Citrinitas, ou amarelecimento;
    4º - o estágio do levantar do sol, a Rubedo, ou avermelhamento luminoso do puro ouro.
    A mesma analogia é também encontrada nas 4 principais fases do processo psíquico do desenvolvimento interno, o processo de individuação:
    A fase caótica da escuridão psíquica, dissociação e total inconsciência;
    O estagio catastico de clareamento – esclarecimento;
    A fase da educação, educação adicional e auto educação, que segue a fase do inicio da percepção e compreensão;
    A fase de mudança e transformação com o encontro da própria tarefa individual e o reconhecimento da inter-relação religiosa fundamental entre o Homem e Deus.
    Uma analogia adicional é a idéia cabalística dos 4 grandes mundos entre o Céu e a Terra que se justapõem e se complementam uns aos outros. Estes quatro mundos (o mundo de Deus, o mundo das Idéias, o mundo das Formas e o mundo da Matéria) tem suas analogias no sustentáculo médio em quatro estágios da arvores sefirotica nos antigos ensinamentos judeus e também tem suas analogias nos passos da Escada de Jacó, a qual é às vezes representada
    nos ensinamentos cabalísticos como tendo quatro grandes degraus principais.
    De acordo com esta doutrina, os passos da Escada de Jacó são quatro mundos colocados um sobre o outro, os quais não estão separados de acordo com a maneira que consideramos espaço e tempo, mas permeiam um ao outro aqui e agora. O mundo de Deus se justapõe ao mundo das Idéias, o mundo das Idéias se justapõe ao mundo das Formas e este torna e justa por-se ao mundo da
    Matéria (ª Peter, "Zohar Studien").
    Retornando agora à atitude medieval para com a música, há certas analogias entre as 4 regiões da musica e os 4 degraus da escada celestial. O passo mais alto, que representa o mundo de Deus, corresponde à "Musica coelestis vel divina", à musica mundana, enquanto música cósmica e harmonia. O próximo
    degrau abaixo, o terceiro, que representa o mundo das formas, corresponde à musica humana ou musica psicossomática ou a harmonia no Homem. E o último passo ou degrau da escada, que representa o mundo da matéria, de idéias e formas encorporada, corresponde à Musica instrumentalis e o equilíbrio harmonioso nas esferas terrenas, onde estão escondidas as centelhas douradas
    da Divindade.
    Assim a representação musical e a visão dos tempos primitivos são como os passos da escada de Jacó, justapondo-se, permeado e ao mesmo tempo complementando uma a outra, de modo a construir um todo em que todas as partes trabalham juntas. Apenas a influência conjunta das quatro regiões pode nos dar a musica verdadeira ou harmonia. Cada região isolada só pode ser compreendida como uma parte de um todo maior.
    Na apresentação de Michael Maier da ":Quadratura do Circulo"no emblema 21, a analogia geométrica para esta unidade da quaternidade é o quadrado desenhado com 4 tangentes em torno do circulo interior. Na apresentação de Maier das 4 esferas de fogo no emblema 17, encontramos uma analogia adicional a esta profunda visão. Esta idéia é de novo dissimulada (ocultada) no emblema 19,
    com os 4 irmãos tão intimamente juntos, tão fortemente unidos por laços naturais, que se um for morto, todos morrerão imediatamente.
    Assim o vigorosamente simbolico pensamento musical da Antigüidade e da Idade Media entendeu a musica, à parte de e para alem da musica audível, enquanto representando a unificação básica do universo e da alma, do macrocosmo e microcosmo. Esta visão cósmica e metafísica da musica torna sua origem do conhecimento da harmonia básica do universo, cuja representação terrestre
    percebemos acusticamente. Daí se pode compreender a estreita ligação entre Musica e Harmonia, consideradas equivalentes desde a Antigüidade até a Idade Média e ainda em nossa época.

    Harmonia
    Na mitologia grega, a harmonia era honrada como a deusa que promovia a conjunção das forças opostas. Ela é filha do deus da guerra, Ares, e da deusa do amor, Afrodite, e representa a força harmonizadora da ordem no mundo, a qual trabalha num nível pessoal. Ao mesmo tempo é honrada como a mãe das Musas, como protetora e patrona (patronesse) das ciências e belas-artes. Esta idéia de harmonia das forças, no sentido de uma arte de
    equilíbrio, duas forças polarizadas opostas em um todo dinâmico ordenado tem também um importante papel nas mitologias de outras terras,
    Etimologicamente a palavra harmonia relaciona-se a uma das raízes
    conceituais da língua grega. A silaba "har"ou "ar" significa a unificação dos opostos num todo, Os verbos derivados tomam este sentido em 3 formas:
    Num sentido mais material, num sentido ideal e num sentido cósmico,
    metafísico.
    A palavra "ararisko" significa conectar, acoplar junto, unir num sentido material. A palavra äresko"significa acalmar (aliviar), mitigar e unificar num sentido ideal. A palavra "harmozo"significa pertencer junto num sentido mais transcendental e cósmico. Ao mesmo tempo também significa sintonizar um instrumento ou tocar uma canção.
    Correspondentemente, temos um triplo conceito de harmonia:
    Harmonia tou kosmou
    Harmonia tes psyches
    Harmonia en organois
    A primeira definição de harmonia, "Harmonia tou kosmou", tem o mesmo Significado da Musica mundana, que já mencionamos e que significa a harmonia cósmica, a ordem harmônica no espaço, a harmonia das esferas. A idéia tinha grande importância na Idade Média e na Antigüidade e pode ser seguida até o sec. XVIII, tanto em escritos relativos à musica filosofia, quanto na literatura alquimica e teológica.
    A Segunda definição, "Harmonia tes psyches", está relacionada à ordem harmônica nos seres humanos entre corpo e alma. Eqüivale à "Musica humana"enquanto harmonia psíquica e psicossomática. Tem a ver com a unificação das forças opostas presentes na alma humana e seu caminhar juntas para um todo harmonicamente ordenado e equilibrado e um ordem balanceada entre corpo e alma. O conceito de "Musica humana"conforme descrito por
    Boethius (480-524 d.C.) tem o mesmo significado: "Nada une as partes do homem, seu corpo e alma, como o faz a musica, a qual é uma conjunção do racional e irracional."(Quid est aliud, quod ipsius hominis inter se partes animae corporisque jungat, quan musica, quae ex rationabili irrationabilique conjucta est"; De Institutione Musica, Book, ch.2)
    O que estamos exatamente discutindo é encontrado sempre e de novo contos de fada, nos mitos, nas sagas e lendas. Assim uma lenda da Idade Média conta que antes da confusão lingüistica de Babel, a conversação entre os homens se dava principalmente sem palavras, numa forma puramente musical. Em seus pensamentos e aspirações estavam tão sintonizados entre si que não necessitavam de linguagem falada. Mas esta união foi tão longe que eles se
    colocaram o simples objetivo de rechaçar Deus e tornar o homem um Deus, com uma torre alcançando os Céus; então Deus barrou seus esforços colocando-os sob o jugo da linguagem. Apenas através da exata abertura dada pela palavra falada, apenas através deste sentido de necessidade foi possível fazer-se compreendido. Isto causou grande confusão. Uma pessoa já não podia entender
    a outra; o original intercâmbio direto (imediato) estava perdido. Uma
    lembrança deste tempo anterior ao caos de Babel permanece na musica. No entanto, a musica terrena é ainda apenas um pálido eco da musica universal, da qual os ouvidos terrenos raramente conseguem ouvir algo, pois perderam a habilidade de ouvir claramente, a qual estava presente no Paraíso, no inicio.
    A terceira definição de harmonia, "Harmonia en organois"ou Musica
    instrumentalis, concerne à região da musica audível, a musica sonante. É o nome de toda música praticada pelo homem, tanto vocal quanto instrumental e significa o equilíbrio harmonioso das forças opostas nestas regiões que podem ser sentidas ou tocadas, que tem a ver com a realidade material e a sensação. A palavra grega örganon"significa instrumento, ferramenta, instrumento musical. Esta palavra está intimamente relacionada com a
    palavra-raiz ërgazomai", que significa ser ativo, cultivar a terra, com o sentido de prepará-la para que torne a semente da qual amadurecem os frutos.
    Assim, "Harmonia en organois"significa ao mesmo tempo um harmoniosa coexistência do homem e da terra e o surgimento (nascimento) do som, a produção do fruto vindo da matéria no mais amplo sentido da termo.
    No fim todos estes três conceitos de musica e harmonia caminham juntos. O homem enquanto um todo completo pertence a todas estas regiões, tanto a terrena/orgânica/instrumental, quanto a da alma e do cósmico/divino. Ele é penetrado por estas regiões, as quais unem-se nele para formar um todo. Da completa harmonia dessas forças tem-se a completa, a individualidade. Na
    tríplice concepção de "Musica mundana" ou "Harmonia tou kosmou", "Musica mundana ou Harmonia tes psyches" e "Musica instrumentalis ou Harmonia en org anois" esta antiga forma musical holistica do pensamento encontrou uma expressão compreensiva.
    Há numerosas analogias a este conceito tríplice da musica e harmonia, sendo os mais essenciais:
    A Sagrada trindade: Pai, Filho e Espirito Santo
    A "Tria Prima": Corpo, Alma e Espirito e a trindade Alquimica: Mercúrio,
    Enxofre e Sal (Atalanta, Hipomenes e a Maça Dourada)
    Os três estágios do processo alquimico: primeiramente o Nigredo, o estagio do caos e da escuridão; segundo, o Albedo, o estágio da branqueamento, a fase catártica do esclarecimento e iluminação; terceiro o Rubedo, a vermelhidão do puro ouro.
    Aqui a já mencionada Cinitras (o amarelecimento) está junto à Rubedo (avermelhidão do ouro), formando a terceira fase do processo alquimico. Esta alteração no arranjo das fases de três para quatro, ou vice-versa, pode ser explicada pelo significado simbólico da Quaternidade e da Trindade, ambos de grande importância para o processo alquimico. Num universo compreendido cosmologicamente, no qual um principio criativo encarna-se gradualmente, através de diferentes mundos, indo do mundo divino, através do mundo das
    idéias e do mundo das formas, para baixo, até o mundo material, o quartonmundo como mundo material é mais baixo (inferior) do mundo da existência ainda não materializada. O numero quatro marca a margem e o portal entre o mundo inteligível e o mundo sensivel-material. É o quarto que torna possível à energia encorporar-se a tomar forma. O quatro é, assim, a consumação e complementação do três, mas ao mesmo tempo o três é a essência do quatro. Um
    dito alquimico expõe: "Todas as coisas vêm à vida através do três, mas elas vivem (ou gozam) suas vidas no quatro".
    Assim a trindade da harmonia cósmica, psíquica e orgânica designa o
    protótipo atemporal da musica da mesma forma que triade alquimica de Mercúrio, Enxofre e Sal representa princípios arcaicos muito profundos.
    Na apresentação de M. Maier da "Quadratura do Circulo" no emblema 21, o três é geometricamente representado pelo triângulo que circunscreve o quadrado.
    Todos os aspectos da musica e da harmonia aqui mencionados finalmente caminham juntos, misturam-se e entrelaçam-se intimamente.
    O MITO DE ATALANTA
    "No começo da história da humanidade, os homens, como as crianças, gostavam de historias".
    Incapazes de lutar contra as forças da natureza, enfrentavam as ,maiores dificuldades e desconfortos. À toda sua volta, forças incontrolaveis agiam quase sempre provocando catástrofes terríveis.
    Essas mesmas forças, às vezes, impressionavam o homem, obrigando-o a pensar em em assuntos que até então nem lhe haviam passado pela cabeça. Na tentativa de decifrar os enigmas que via, o homem começou a procurar as causas que provocavam esses horrores ou alegrias que lhe aconteciam pela vida afora.
    Entretanto, nem sempre conseguia encontrar explicações para todos os fenômenos. Por isso, sua imaginação começou a funcionar.
    Essa imaginação fértil acabou levando-o a criar incríveis histórias, cheias de beleza, riqueza em sentimentos, mas pontilhadas com marcas de profunda tristeza que refletiam a vida árdua que a humanidade levava.
    Assim, nasceu o mito e por conseguinte a Mitologia.
    Como os mitos são coloridos com fatos imaginários, chegam mesmo a parecer historias de fada, mas não são. Atrás de narrativas fantásticas, sempre existe algo real. Na Mitologia está a vida de povos antigos, porem mostrada de modomque eles eram capazes de ver ou de explicar. Na Mitologia mais que tudo, podemos compreender a visão que eles tinham da natureza, da vida e do
    próprio mundo. Por esse motivo, na verdade, a Mitologia dos povos antigos é também a religião deles. Foi na Grécia que nasceram os mais belos mitos dos povos da Antigüidade.
    Esses mitos estão impregnados pelo clima ameno do interior da Grécia, pelo amor à vida e por tudo que é belo.
    Os gregos admiravam os heróis desses mitos e adoravam as criaturas criadas por sua imaginação: os deuses do Olimpo. O resultado dessa maneira de viver foi fantástico; assim, os deuses imortais que apenas existiam na mente dos mortais acabaram desaparecendo, no lugar deles ficaram trabalhos imortais
    criados pelo homem, isto é, a Mitologia Grega.
    O Mito que eu vou relatar é o de ATALANTA. Feminino, fugidio, inicialmente não integrado.
    O tema central do Mito, a união dos opostos e posteriormente, uma
    transformação.
    O MITO DE ATALANTA
    Logo depois de seu nascimento, Atalanta, a heróica donzela que tanta fama conquistaria na caça ao javali de Cálidon, foi abandonada numa floresta por seu pai, que desejava descendentes masculinos. Nas montanhas, uma ursa, (cuja cria tinha sido morta) encontrou o bebê chorando e levou-a à sua caverna, onde a alimentou com seu próprio leite. Certa vez, quando uns
    caçadores passavam por aque;a região, encontraram a criança, levaram-na consigo e a criaram. Atalanta cresceu nas frescas montanhas recobertas de florestas da Arcádia. Era forte e ágil como uma gazela. O ar fresco e o sol haviam-lhe bronzeado o rosto e o corpo, mas a sua beleza era igual à de uma ninfa da floresta, ou à da virginal deusa Ártemis. Assim ela vivia pura e orgulhosa na solidão das montanhas, desprezando a mão de um marido. Seu maior prazer era caçar, a pé e armada com a lança.
    Atalanta é uma imagem da fuga do feminino, inicialmente ainda não integrada.
    Ela se inscreve nesta linhagem de mulheres virgens que não querem se unir ao Masculino.


    O meu trabalho é baseado no mito grego da bela caçadora de pés ligeiros, Atalanta, que podia correr mais rápido que o vento leste. Atalanta não estava muito interessada em casar-se. Em todo caso, ela somente desejava casar-se com um homem que fosse igual a ela. Portanto, decidiu desposar apenas aquele que vencesse numa corrida. Com suas FLECHAS ela matava todo pretendente que fosse incapaz de correr mais rápido do que ela.
    Eventualmente foi vencida por Hipômenes, um descendente de Poseidon, que a superou com a juda de três maças de ouro que foram dadas pela deusa Afrodite. O tema central deste mito é a união dos opostos, e posteriormente uma transformação. O mito conta como a mocidade de Hipômenes, lançou as preciosas maçãs de ouro, uma após a outra, a frente dos pés de Atalanta na
    corrida. Três vezes ela retardou o passo para apanhar essas tentadoras frutas dotadas de um irresistível encanto amoroso, e finalmente enquanto juntava a 3ª maça ela é superada por Hipômenes. Então possuída pelo amor, ela se rende voluntariamente. Dentre as várias figuras que se constelam na alma, a principal do mito de Atalanta é a Imagem de uma Fuga do Feminino em
    relação ao Masculino, inicialmente ainda não-integrado, do feminino fugidio.
    O objetivo expresso dela é manter-se virgem: heroina, guerreira, na
    etimologia popular pelo seu nome se explicaria ou por Ter permanecido virgem por muitos anos ou porque fora exposta no Monte Parténion, cujo significado é "jovem", "virgem". Do grego TÁLANTA, que significa a "sofredora", a "mulher que suporta"! Ela se inscreve nesta linhagem de mulheres virgens que não querem se unir ao masculino. Dedica a sua vida à deusa Ártemis, e era na
    caça aos animais que a destemida caçadora se realizava. Observa-se nesta guerreira uma força muito grande, porém, na verdade era só aparente. Seu método era preciso: deixava seus adversários saírem na frente com vantagem, depois ela voava como uma flecha vencendo os seus pretendentes. Todos até aqui foram fatalmente feridos até o final das corridas. Ficou tão famosa que fora a primeira mulher a ser convidada à caça ao javali de Cálidon; fato inédito até aqui. Adquiriu mais fama ainda pois dói ela própria que conseguiu abater o animal. O mito de Atalanta, até este momento, nos faz
    pensar nas mulheres auto-centradas (a lança simbolizando isso), onde o Eros da relação, ao invés de estar centrado no amor era perfurado pelo poder da relação. Este é um padrão comum do feminino e em nossos consultórios existem
    muitas Atalantas.
    Da forma como ela fora criada, mais para uma moleca entre florestas e montanhas do que propriamente para ser uma deusa, ela andava só desta forma: armada com uma lança e enfrentando corridas com pretendentes. Seu desejo é permanecer na solidão das florestas, imersa no mundo da Natureza. Até porque um Oráculo predisse: "Caso você se case, você se transformará num animal".
    Uma outra profecia a tinha advertido: "Mesmo que voc6e fuja de um esposo, mesmo assim você não escapará dele!". Como haviam muitos pretendentes, quem ditava as normas da corrida era ela; tinha vários truques para vence-los, um deles era permitir que saíssem na sua frente com certa vantagem. Em seguida,
    ela saia tal como uma flechas, conseguindo alcança-los e abatendo-os fatalmente. Podemos pensar aqui em uma não diferenciação. Ela é puella e quer manter-se assim por algum tempo, sem a consciência de sua sexualidade; é neste mundo das disputas que ela não se sente rejeitada.
    As figuras masculinas que Reco e Hileu, foram mortos pela fiel servidora de Ártemis, por terem tentando violentá-la.
    Ao estudar o ‘Mito de Atalanta’, o alquimista Michael Maier associa Atalanta ao espirito mercurial, fugidio. Para ela, permanecer neste mundo era o ideal; um mundo pré-humano ou supra-humano, um mundo da incorruptibilidade, onde tudo permancece igual a si-mesmo. Platão faz referencia a este mundo como o da pré-criação. No mito é o amor que irá romper com isso e Afrodite, que não admite rebeldes ao amor, ajuda Hipômenes. Ele sabiamente orou para
    ela e pediu ajuda para que pudesse vencê-la, tarefa muito difícil até aquele momento. Afrodite lhe entrega os "Pomos de ouro"e com este truque ele consegue a transformação: a) ocorre morte da virgem, e b) o nascimento da mulher a caminho de sua completude. Neste estágio ocorre o encontro: a união dos opostos e a transformação; do uno no duplo; do velho no novo; do feminino no masculino. Aqui os conteúdos desta alma, já estão integrados, e nesta conquista o brilho de ouro que a fascina (as maças douradas) faz com
    que Hipômenes sutilmente a alcance, mais e mais, vencendo a corrida.
    Atalanta sede ao amor; ela sede ao encontro com o Eros verdadeiro. No Opus Alquimicum, na tentativa de alcançar o auto-conhecimento é importante observarmos 3 coisas como fundamentais: 1º - o amor do paciente pelo reconhecimento de si-mesmo; 2º - o Eros terapêutico do analista; mas, acima de tudo, a presença da graça divina, até porque de acordo com a antiga experiência alquimica, o Opus apenas tem sucesso "Deo concedente"; com a presença e com a permissão de Deus.
    Jung nos fala do "Principium Vitae": aquilo que é verdadeiro para um
    indivíduo, é verdadeiro para todos; algo mais elevado que domina a matéria.
    É a estrutura sobre a qual a matéria é constituída. A interpretação
    alquimica utiliza os símbolos de sua própria linguagem como chaves para descobrir o sentido oculto dos mitos, drama de constantes transformações da alma e do destino da criação.
    Hipômenes quando aparece fixa o Mercúrio e ao copularem no templo de Cibele,
    Atalanta já é uma mulher. Ela já está na terra representando a vinculação da carne, dos impulsos mais básicos à matéria; a vivência regressiva do espiritual. Árvore da vida na Natureza, já existe uma conscientização; nasce um filho desta união, Partenopeu, e rompe-se o invólucro com o qual Atalanta se esconde da vida. Ela já esta na terra, mas não só aparentemente forte, e sim tal como a imagem de Cristo na cruz, fixado, nas mãos e no peito.
    Atalanta vive. Na analise Junguiana, a idéia é, portanto, utilizar esta
    energia a serviço da psique, em busca mesmo de uma síntese! Opera-se aqui, uma União dos Opostos, tal como uma energia combinada de Yin e Yang, e consequentemente, uma "TRANSFORMAÇÃO".
    Observação:
    Quando ocorre a Transformação num casal de leões, nós podemos entender como uma passagem de uma sexualidade infantil, para uma mais amadurecida.
    Ela sai desta IMAGEM DE UM FEMININO FUGIDIO, para a da MULHER.
    Estão todos como que contidos no vasto circulo da antiga equação.
    Musica=harmonia. Esta totalidade musical-harmonica que contem em si mesma uma grande variedade de fenômenos, tem sua analogias na idéia alquimico-filosófica da unidade do universo, na qual a psique e toda a multiplicidade criada torna à sua origem; também na idéia de unidade do macrocosmo e do microcosmo, e na imagem muito antiga do Livro de Deus que conta todos os segredo da Natureza e de todas as coisas criadas.
    O principio alquimico de que o Um primordial contem o todo e de que todos os fenômenos, visíveis e invisíveis, são finalmente aspectos diferentes deste principio unificador é consendado na sentença:" Hen to pan, or Unin enin est totum". Isto significa: O um é o todo e o todo é o um. Deste Um primevo
    surge tudo o que há nos Céus, na Terra e sob a Terra; e tudo flui de volta novamente para este Um primordial.
    Na representação da "Quadratura do Circulo"de Maier, a analogia geométrica a isto é o grande círculo desenhado em torno do triângulo com o quadrado e o circulo interno com as energias polares de homem e mulher.
    Maier tinha em mente este abarcamento do todo, significando harmonia, quando deu à musica um papel tão amplo em seu trabalho.
    ANALOGIAS PSICOLÓGICAS
    O processo alquimico em si diz respeito a uma união entre um enfoque filosófico, contemplativo e uma investigação pratica, química, sobre as possibilidade transmutacionais da matéria. O aspecto empírico da alquimia concerne a um esforço incansável em transformar a matéria pesada e rude em algo novo, um concentrado nobre através de dissolução, purificação, refinamento, destilação e, finalmente, transmutação. A mais alta meta é a transformação do negro saturnino (CHUMBO) no vermelho brilhante do puro
    ouro. Este "desejo" deve ser compreendido ao mesmo tempo[o como
    profundamente filosófico e contemplativo.
    Na retorta, o processo de transformação do grafite (black lead) num liquido prateado refinado e então, pela adição de cobre e ouro, num amarelo ou vermelho solar brilhante; presumivelmente nunca resultado em puro ouro. Um alquimista prático de nosso tempo disse a outro: "Estou convencido de que o alquimista estaria pronto para transformar chumbo em ouro se ele fosse suficientemente puro em sua vida como um todo. Mas ele não é puro o suficiente nesse sentido muito profundo. E, portante, ele deve trabalhar em
    direção a este objetivo a cada dia, pratica e espiritualmente. Se alcançar este objetivo ele não precisará mais do processo de transmutação".
    O processo como tal era suficientemente fascinante e convidada a
    considera-lo, experimenta-lo como o espelho e a imagem de um processo similar de purificação, limpeza, transmutação e iluminação no domínio da Alma e do Espirito.
    Dia e noite, alvorecer e anoitecer, nascimento e morte, são tomados pelo alquimista como duplos aspectos diferentes do poder criativo original, sem fim e sem começo e que sempre de novo transforma morte em vida. Este poder criativo, que atua oculto em todos os níveis do ser como principio atemporal da vida, com a grande potência alquimica do universo, transforma, quando opera (atua) no interior da natureza, a semente que permanece na escuridão
    da terra, no trigo que o homem colhe e transforma em farinha e pão.
    A potência alquimica no organismo transforma o pão em carne e sangue. O alquimista de novo transforma as substancias na retorta em ainda mais preciosas concentrações. Ele repete os eventos macrocósmicos no domínio microcósmico e por meio disso combina arte e natureza numa unidade.
    `Da mesma forma que o lavrador ara a terra, assim também o alquimista em seu laboratório prepara a matéria do escuro chumbo para receber o ouro-semente.
    Ao mesmo tempo, prepara sua alma em prece e meditação para receber o divino germe espiritual, com o objetivo de auxiliar a nascer e para um novo desenvolvimento do fruto espiritual futuro (próximo), chamado o "Filho Filosófico". Os vários ensinamentos de sabedoria mundial chamam a isto de "o nascimento do homem interior", "o nascimento do sol à meia-noite", "o acendimento-iluminação da jóia na flor de Lótus" e, mais que tudo, "o nascimento de Deus no coração do ser humano".
    Enfim o verdadeiro alquimista estava afeito a um desejo espiritual,
    correspondendo muito intimamente ao processo de transmutação na retorta; estava afeito à pesquisa e encontro da "Pedra dos Sábios", o "lápis philosophorum", ao encontro de um ouro psico-espiritual interno, à busca da masi alta sabedoria sobre a qual foi dito: "Ela é a expressão do poder de Deus e a pura emanação da glória do Todo Poderoso... É um reflexo da luz eterna, um espelho imaculado do trabalho de Deus... Posto que é uma (una), ela pode fazer todas as coisas e enquanto permanecendo em si mesma, renova todas as coisas; em cada geração se transforma em almas sagradas e as faz
    amigos de Deus e profetas". (Sabedoria 7, 25-27/"Wisdom", na Bíblia).
    Portanto Michael Maier dá um lugar especial à sabedoria e a coloca na figura de uma mulher, juntamente com a Árvore da Vida (combinada com uma fuga e um discurso), no ponto médio de seu tratado (Emblema 26).
    Tudo é baseado na Sabedoria, pois ela personifica a "cognitionem chymiae cum praxi", isto é, "toda a ciência da alquimia e a experiência prática correlata". Em suas mãos ela fez duas bandeirolas com os textos de "Sabedoria de Salomão": "Saúde e vida longa estão em sua mão direita. Glória e riqueza sem fim em sua mão esquerda". O discurso anexo contém muitas citações das Sagradas Escrituras e indica desse modo a origem religiosa sobre a qual se baseia o trabalho. Sem sabedoria, assim diz Maier, a humanidade vive morta. Ele escreve: "É a Sabedoria que opera em todas as
    coisas e penetra em tudo. À direita ela alcança o Oriente, à esquerda o Ocidente e ela abraça toda a terra. Quem a ama, ama a vida e aqueles que a buscam cedo serão preenchidos de alegria" (Sirach 4-12);Os que estão junto dela são imortais e em sua amizade é puro deleite, pois em sua companhias não há amargura e na vida com ela não há dor, mas prazer e alegria".
    (Sabedoria 8-16); "Ela é uma árvore da vida para aqueles que se agarram a ela; aqueles que a têm firmemente: são chamados felizes" (Provérbios 3-18).
    A fuga relacionada tem como tema "O fruto da Sabedoria humana é a Árvore da Vida". O cânone está colocado em dupla oitava, o que simboliza na sabedoria
    alquimica, a Pedra da Sabedoria ou o Filho Filosófico e indica o novo
    nascimento espiritual. Isto significa o renascimento do homem interior oculto a partir do Espirito da Sabedoria. Assim o verdadeiro alquimista está profundamente ocupado (ligado) com a libertação da centelha da divina Sabedoria, aprisionada na escuridão da matéria, libertando-a numa nova vida.
    Portanto, a alquimia, para M. Maier é uma ciência sagrada; uma arte
    acessível apenas ao Sábio. Ela claramente se dissocia do charlatanismo alquimico, uma fraude que persegue apenas o ganho material. Para ele, os processos no caso alquimico são ao mesmo tempo reflexos e analogias de vários processos de transformação material e espiritual no universo, através do qual o homem se habilita a obter discernimento em relação aos mais profundos mistérios da Criação.
    Da mesma forma que os esforços do alquimista genuíno dizem respeito a ajudar o nascimento e posterior desenvolvimento do Filho Filosófico, assim também no trabalho psicoterápico: educação e auto-educação, as mais nobres buscas esforços estão dirigidas à personalidade ainda não manifestada, que é a maior e futura unidade. C.G. jung foi o primeiro pesquisador da psique do
    sec. XX a descobrir várias analogias entre as diferentes fases do processo alquimico e os estágios de desenvolvimento por que passa a psique humana, de novo no curso do seu desenvolvimento.
    Desde o inicio da nossa era, 4 fases principais foram diferenciadas no processo químico de transmutação.
    O estágio de Nigredo, como o caótico, desordenado, a condição bruta da matéria, tanto presente primitivamente quanto produzida através da divisão de elementos;
    O estágio de purificação e embranquecimento, o Albedo, como a fase catártica da limpeza e purificação;
    O estágio do amarelecimento ou Citrinitas, como fase de transição do clarear de Albedo para o romper do amarelo;
    O estágio do Envermelhecimento, Rubedo ou Rubefáctio, como o surgimento do puro ouro vermelho. ( Algumas vexes os estágios de Citrinitas e Rubedo são considerados como um único estágio, e desta maneira a seqüência das fases se dá em 3 passos: de Nighredo através de Albedo para o Rubedo).
    Estas fases correspondem muito proximamente aos estágios de transformação que a psique humana repetidamente atravessa durante o curso de seu desenvolvimento:
    Correspondendo ao Nigredo alquimico, pode existir no domínio da alma uma condição de escuridão psíquica, confusão caótica, inconsciência e uma dissociação de energias. Assim a 1ª e principal fase do desenvolvimento espiritual diz respeito principalmente ao auto-conhecimento, ao reconhecimento de si próprio, do curso da própria vida em sua atual existência, fraquezas e forças, erros, enganos, imperfeições e necessidades.
    Esta é a fase de discernimento em relação à sombra pessoal, usualmente
    Mais ou menos inconsciente. Expressa-se, entre outras formas, através da projeção de nossas falhas sobre os outros e, como diz o provérbio: "Guias Cegos, que coais mosquitos e engoles o camelo!". (Mateus 23-24). A sombra individual contém a soma de todos os conteúdos inconscientes e suprimidos da psique e porque há nela algo de inferior, primitivo e desprazeiroso, procura-se um afastamento dela ao invés de uma aceitação desses aspectos
    obscuros, negros do lado interior retardado em seu desenvolvimento,
    liberando a centelha dourada do conhecimento interior nela, e trazendo-as à luz da consciência. A área sombria e escura subconsciente da psique, freqüentemente se encontra em grande contraste em relação a luz, o lado consciente das pessoas, com sua fachada quase sempre muito polida e ajustada encobrindo o caos subjacente.
    O primeiro estagio de reconhecimento de si próprio, reconhecimento do próprio lado escuro e a dor psíquica resultante, é seguido pelo 2º estágio (correspondente ao estágio alquimico da Albedo): a fase catártica de arranjo e clarificação. A esta 2ª fase de desenvolvimento pertence também o confronto com o lado interno contra-sexual, com o lado feminino no homem (Anima) e lado masculino na mulher (Animus). O reconhecimento, desenvolvimento e integração do elemento psíquico contra-sexual é tão importante para o homem quanto para a mulher. O lado feminino não
    desenvolvido no homem deixa-o mal-humorado, irritadiço, suscetível,
    insatisfeito, depressivo. Por um lado ele é efeminado, por outro suas
    reações são ,muito rudes. Mas então, o desenvolvimento do lado feminino do homem de modo saudável cria uma verdadeira (genuína) habilidade para o amor na área psico-espiritual tanto quanto na área biológica, e isto se manifesta em sua forma mais elevada, como o poder de sabedoria da alma.
    É análogo na mulher. Quando o lado masculino da mulher permanece não-desenvolvido, ela se comporta: com uma intolerável obstinação,
    contensiosidade, severidade desagradável e rudeza. Quando seu lado masculino é libertado da supressão é completamente desenvolvido e integrado, então há um positivo efeito como iniciativa, coragem, profundidade espiritual e voracidade.
    Este processo psicológico do desenvolvimento dos lados contra sexuais internos como requisito para o desenvolvimento no caminho da auto descoberta tem sua analogia alquimica na figura do "Rebix"ou hermafrodita (Emblemas 33 e 38).
    Após este 2º estágio de arranjo e classificação dos diferentes processos e conexões psíquicas, segue-se como terceiro estágio (análogo à fase alquímica de Citrinitas), o estágio de educação e auto-educação. Aqui o conhecimento obtido é transladado para a vida ativa. Isto leva diretamente ao 4º dos principais estágios do desenvolvimento, correspondente ao alquimico Rubedo, que traz o alvorecer, o nascimento do sol no qual a pessoa que passa pelo processo muda para uma personalidade madura, consciente de suas responsabilidades e ciente de ter experienciado a mais profunda conexão da existência. Este é o estágio no qual apenas –através da graça – pode ser experimentado o nascimento, o homem
    espiritual que transcende a natureza, uma renovação da personalidade, encontrando o ponte médio entre os pólos, e o centro virtual de todo o ser.
    Este momento do nascimento da personalidade maior é conhecido como esclarecimento ou iluminação e poderosamente também chamado "O Fogo Central"ou "O Reino de Deus dentro de nós".
    Assim, no sempre renovado curso do processo em seus diferentes estágios pode se vir a experimentar em todo lgar – nos escuro interior da matéria, bem como nas escurasm profundezas subconscientes da alma – estão ocultas as "centelhas de ouro"da presença divina, aguardando serem liberadas. Mas este
    processo de desenvolvimento psíquico de modo algum avança por linhas retas.
    A dinâmica se seu curso, como o processo alquimico, pode bem ser comparada a fuga de Atalanta da perseguição de Hipômeres, e o fim desta fuga trazido pelos Pomos de Ouro do amor! Pois da mesma forma que Atalanta foge, assim, com grande astúcia, os prevalecentes (decisivos) conteúdos psíquicos inconscientes suprimidos, fogem das garras do consciente. Isto é assim em
    todos os estágios do processo de desenvolvimento psíquico, e é sempre o mesmo em todos os níveis intermediários.
    Este curso cuja estrutura constantemente se repete ainda que
    Conteúdos dinâmicos sejam continuamente mudados e novos, pode bem ser comparado ao trabalho de Maier, no qual a estrutura em fuga permanece a mesma em todas as 50 composições, enquanto as fugas individuais oferecem sempre novos temas e formação das vozes. Cada fuga, em si, pode ser considerada como uma "imagem musical da totalidade da psique", e das móveis energias polares aí contidas. Pois como Atalanta e Hipômenes, assim as energias opostas operando na alma fogem umas das outras e lutam entre si.
    Apenas para mencionar algumas, há a principal oposição entre consciente e inconsciente, poderes masculino e feminino, ou as diferentes e possíveis atitudes de extroversão expansiva e contemplativa introversão, as extremamente contrarias, funções, do pensamento e sentimento, do insight intuitivo e sensação realística. Se o resultado não é o distúrbio do equilíbrio psíquico, então tudo isto, agindo tão diferentemente, deve finalmente construir um todo e alcançar o equilíbrio.
    Mais que tudo, todos estes poderes da alma, que fogem uns dos outros, e lutam entre si, requerem sua União, da mesma maneira que Atalanta e Hipômenes necessitam "três Pomos Dourados" da "Deusa do Amor": Considerando no processo psíquico, isto significa que para o sucesso do trabalho e prevenção da constante fuga do homem de si mesmo e do seu próprio auto-reconhecimento, três coisa são necessárias:
    A amor do paciente pelo reconhecimento de si mesmo, e pelo trabalho cosigo mesmo:
    O Eros terapêutico do analista, e
    Sobretudo, e em tudo, a presença da graça divina, que de acordo com a antiga experiência alquimica, o Opus apenas tem sucesso "Deo concedente", isto é, com a presença e permissão de Deus.
    O psico-terapeuta que leva a sério o seu trabalho, e não superestima seu papel de assistente, também ganha esta experiência. Mantendo-se diariamente na fornalha do Criador", ele trabalha, enfrenta problemas, tem paciência,
    espera e "faz o seu melhor; mas sendo honesto consigo mesmo, sabe que o sucesso do trabalho não é mérito seu. E sabe também que ele, pessoalmente, em solidariedade a seu paciente, tem que trabalhar continuamente em seu próprio desenvolvimento ulterior que sempre procede de novo através dos estágios de confissão, purificação, auto-educação e final, transmutação, transformação.
    Assim, o processo do desenvolvimento psíquico, como o processo alquimico de transmutação, está ligado ao eterno processo da vida: crescimento, (desenvolvimento), morte e renascimento. Uma das mais intimas (próximas) analogias a isto é o evento musical, como expressão de vida através de um som igualmente nascido, extinguido e renovado. Simplesmente através do toque, e passagem de um tom e o novo nascimento do seguinte, surge uma linha musical, ou alguma forma de seqüência sonora.
    Esta é a maneira pela qual as palavras de São Gerônimo, devem ser entendidas quando ele descreve o Logus criativo da luz e da vida, do inicio como "summus musicus": como o maior músico do universo, através de cuja morte é sempre novamente transformado em vida: "Christus sumus musicus". Também a serem entendidas neste sentido são as palavras de Michael Maier, antes do seu 50º aniversário, coloca abaixo de seu próprio retrato no inicio das 50 fugas e emblemas para o seu ponto Atalanta Fugiens", e que representam uma espécie de síntese (concentração) de sua filosofia. Estas palavras são: "Haec mihi restant. Posse bene in Christo vivere, posse mori", que significa: "Esta permanecerá minha tarefa: ser apto a viver bem e morrer bem em Cristo." Para Maier, Cristo não é de forma alguma uma metáfora vazia.
    Para ele, este nome contem todo o poder criativo que, nascido do único eterno Deus, continuamente auxiliando a efetuar novos nascimentos em todos os lugares e através de muitas mortes. Por este nome significa: A palavra Divina, o Logus da origem primeva, engastado (embutido) no Divino, luz
    criativa, som e vida, da qual tudo provém e para a qual tudo retorna e que opera em todo lugar em que, oculto ou revelado, visível e invisível, e nomeado com muitos e variados nomes, pulse o imortal, a energia de Vida desafiando a morte, acima de tudo, o Amor.





    Danielle le Fay
    posted by iSygrun Woelundr @ 12:45 PM   0 comments
    livro on line: MITOLOGIA GRECO-ROMANA
    sexta-feira, abril 14, 2006
    A Mitologia Helênica é uma das mais geniais concepções que a humanidade produziu. Os gregos, com sua fantasia, povoaram o céu e a terra, os mares e o mundo subterrâneo de
    Divindades Principais e Secundárias. Amantes da ordem, instauraram uma precisa categoria intermediária para os Semideuses e Heróis. A mitologia grega apresenta-se como uma transposição da vida em zonas ideais.
    Superando o tempo, ela ainda se conserva com toda a sua serenidade, equilíbrio e alegria. A religião grega teve uma influência tão duradoura, ampla e incisiva, que vigorou da pré-história ao século IV e muitos dos seus elementos sobreviveram nos Cultos Cristã os e nas tradições locais.
    Complexo de crenças e práticas que constituíram as relações dos gregos antigos com
    seus deuses, a religião grega influenciou todo o Mediterrâneo e áreas adjacentes durante mais de um milênio.
    Os gregos antigos adotavam o Politeísmo Antropomórfico, ou seja, vários deuses, todos com formas e atributos humanos. Religião muito diversificada, acolhia entre seus fiéis desde os que alimentavam poucas esperanças em uma vida paradisíaca além túmulo, como os heróis de Homero, até os que, como Platão, acreditavam no julgamento após a morte, quando os justos seriam separados dos ímpios. Abarcava assim entre seus fiéis desde
    a ingênua piedade dos camponeses até as requintadas especulações dos Filósofos, e tanto
    comportava os excessos orgiásticos do culto de Dioniso como a rigorosa ascese dos que
    buscavam a purificação.
    No período compreendido entre as primeiras incursões dos povos helênicos de origem Indoeuropéia na Grécia, no início do segundo milênio a. C., até o fechamento das escolas pagãs pelo imperador bizantino Justinianus, no ano 529 da era cristã , transcorreram cerca de 25 séculos de influências e transformações.
    Os primeiros dados existentes sobre a religião grega são as Lendas Homéricas, do século VIII a. C., mas é possível rastrear a evolução de crenças antecedentes. Quando os indo-europeus chegaram à Grécia, já traziam suas próprias crenças e deuses, entre eles Zeus, protetor dos clã s guerreiros e senhor dos estados atmosféricos.
    Também assimilaram cultos dos habitantes originais da península, os Pelasgos, como o
    oráculo de Dodona, os deuses dos rios e dos ventos e Deméter, a deusa de cabeça de cavalo
    que encarnava o ciclo da vegetação.
    Depois de se fixarem em Micenas, os gregos entraram em contato com a civilização cretense e com outras civilizações mediterrâneas, das quais herdaram principalmente as divindades femininas como Hera, que passou a ser a esposa de Zeus; Atena, sua filha; e Ártemis, irmã gêmea de Apolo.
    O início da filosofia grega, no século VI a.C., trouxe uma reflexão sobre as crenças e mitos do povo grego. Alguns pensadores, como Heráclito, os Sofistas e Aristófanes, encontraram na mitologia motivo de ironia e zombaria. Outros, como Platão e Aristóteles, prescindiram dos deuses do Olimpo para desenvolver uma idéia filosoficamente depurada sobre a divindade. Enquanto isso, o culto público, a religião oficial, alcançava seu momento mais glorioso, em que teve como símbolo o Pártenon ateniense, mandado construir por Péricles. A religiosidade popular evidenciava-se nos festejos tradicionais, em geral de origem camponesa, ainda que remoçada com novos nomes. Os camponeses cultuavam Pã , deus dos rebanhos, cuja flauta mágica os pastores tentavam imitar; as ninfas, que protegiam suas casas; e as nereidas, divindades marinhas.
    As conquistas de Alexandre o Grande facilitaram o intercâmbio entre as respectivas mitologias, de vencedores e vencidos, ainda que fossem influências de caráter mais cultural que autenticamente religioso. Assim é que foram incorporadas à religião helênica a deusa frigia Cibele e os deuses egípcios Ísis e Serápis. Pode-se dizer que o sincretismo, ou fusão pacífica das diversas religiões, foi a característica dominante do período Helenístico.


    MITOLOGIA ROMANA
    Os romanos ultrapassaram todos os outros povos na sabedoria singular de compreender que tudo está subordinado ao governo e direção dos deuses. Sua religião, porém, não se baseou na graça divina e sim na confiança mútua entre Deuses e Homens; e seu objetivo era garantir a cooperação e a benevolência dos deuses para com os homens e manter a paz entre
    eles e a comunidade.
    Entende-se por religião romana o conjunto de crenças, práticas e instituições religiosas dos romanos no período situado entre o século VIII a.C. e o começo do século IV da era cristã . Caracterizou-se pela estrita observância de ritos e cultos aos deuses, de cujo favor dependiam a saúde e a prosperidade, colheitas fartas e sucesso na guerra. A piedade, portanto, não era compreendida em termos de experiência religiosa individual e sim da fiel
    realização dos deveres rituais aos deuses, concebidos como poderes abstratos e não como Divindades Antropomórficas.
    Um traço característico dos romanos foi seu sentido prático e a falta de preocupações filosóficas acerca da natureza ou da divindade. Seus preceitos religiosos não incorporaram elementos morais, mas consistiram apenas de diretrizes para a execução correta dos rituais. Também não desenvolveram uma mitologia imaginativa própria sobre a origem do universo e dos deuses; seu caráter legalista e conservador contentou-se em cumprir com toda exatidão os ritos tradicionalmente prescritos, organizados como atividades sociais e cívicas. O ceticismo religioso chegou a ser uma atitude predominante na sociedade romana em face das guerras e calamidades, que os deuses, apesar de todas as cerimônias e oferendas, não conseguiam afastar. O historiador Tacitus comentou amargamente que a tarefa dos deuses era castigar e não salvar o povo romano. A índole prática dos romanos manifestou-se também na política de conquistas, ao incorporar ao próprio panteão os deuses dos povos vencidos.
    Sem teologia elaborada, a religião romana não entrava em contradição com essas deidades, nem os romanos tentaram impor aos conquistados uma doutrina própria. Durante a república, no entanto, foi proibido o ensino da Filosofia Grega, porque os filósofos eram considerados inimigos da ordem estabelecida. Os valores dominantes da cultura romana não foram o pensamento ou a religião, mas a retórica e o direito.
    Com as crises econômicas e sociais que atingiram o mundo romano, a antiga religião não
    respondeu mais às inquietações espirituais de muitos e, a partir do século III a.C., começaram a se difundir religiões orientais de rico conteúdo mitológico e forte envolvimento pessoal, mediante ritos de iniciação, doutrinas secretas e sacrifícios cruentos. Nesse ambiente verificou-se mais tarde a chegada dos primeiros cristãos, entre eles os apóstolos Pedro e Paulo, com uma mensagem ética de amor e salvação. O cristianismo conquistou o povo, mas seu irrenunciável monoteísmo chocou-se com as cerimônias religiosas públicas, nas quais se baseava a coesão do estado, e em especial com o culto ao imperador.
    Depois de sofrer numerosas perseguições, o cristianismo foi reconhecido pelo imperador Constantinus I no ano 313 d.C.
    São escassas as fontes que permitem reconstruir a vida da primitiva Roma, pequena cidade-estado que se formou por volta do século VIII a.C. A descrição mais antiga é do historiador romano Marcus Terencius Varrão, do século I a.C., mas seu testemunho já mostra a grande influência da Cultura Grega, que motivou a reinterpretação da tradição religiosa.
    No período de formação original, a religião dos romanos já apresentava características utilitárias, em que as preocupações se centravam na satisfação das necessidades
    materiais, como boas colheitas e a prosperidade da família e do estado em tempo de paz e de guerra. Entre os deuses mais importantes dessa época estão Júpiter, deus do céu, o maior deles; Marte, deus da guerra; Quirino, protetor da paz, identificado depois com Romulus; e Juno, cuja função principal era dirigir a vida das mulheres. Outras deidades menores eram figuras vagas de funções limitadas e claramente definidas. Como os deuses maiores, tinham poderes sobrenaturais e, pelo culto adequado, podiam ser induzidos a empregá-los em benefício dos adoradores. A curiosidade dos romanos, porém, não passava desse ponto: os deuses não tinham mitos, não formavam casais e não tinham filhos. Os romanos não tinham também uma casta sacerdotal; seus ritos eram executados com meticulosa exatidão por chefes de família ou magistrados civis. Essas atividades clericais, porém, eram reguladas por colégios sacerdotais.
    Na segunda metade do século VI a.C., os Etruscos conquistaram a cidade de Roma e
    introduziram nas práticas religiosas o culto às estátuas dos deuses, os templos, a adivinhação mediante o escrutínio das entranhas de animais sacrificados e do fogo e maior solenidade nos ritos funerários. O primitivo calendário religioso lunar, de dez meses, foi substituído pelo calendário solar de 12 meses. Nesse período ocorreu a incorporação de deuses que não eram apenas etruscos. Júpiter ganhou como consortes Juno e Minerva, uma união que resultou da influência grega, já que as duas deusas foram identificadas como Hera e Atena, mulher e filha de Zeus. Vênus e Diana surgiram de fontes italianas.
    Entre os deuses incorporados ao panteão romano por influência etrusca estão Vulcano, deus do fogo, e Saturno, divindade de funções originais obscuras.
    O Período Republicano, do século V ao século I a.C., caracterizou-se pela ampliação da influência da cultura grega, cujos mitos revitalizaram os deuses romanos ou introduziram novas divindades, como Apolo, que não tinha um equivalente romano geralmente reconhecido, e Esculápio. Outro costume importado da Grécia foi convidar os deuses para o banquete sagrado, o Lectisternium, no qual eram representados por suas estátuas e associados em casais, como Júpiter e Juno, Marte e Vê nus etc. As figuras juntas nos banquetes formaram o grupo grego popular e típico de 12 deuses. Foram introduzidos ainda cultos orgiásticos do Oriente Médio, como o da deusa Cibele, a Grande Mãe, e o de Dioniso, que em Roma foi identificado como Baco.
    O imperador Augustus quis reavivar os cultos tradicionais - ele mesmo foi divinizado após a morte - e reconstruir os templos antigos. A crescente demanda por uma religião mais pessoal, porém, que nem as religiões tradicionais gregas nem as romanas eram capazes de satisfazer, foi atendida por vários cultos do Oriente Médio, que prometiam a seus seguidores o favor pessoal da divindade e mesmo a imortalidade se certas condições fossem atendidas, entre elas a iniciação secreta em ritos misteriosos.
    O primeiro deles foi o de Ísis que, embora de origem egípcia, sofreu modificações em sua passagem pela Grécia. Depois veio o culto de Atis, consorte da Grande Mã e, e por último o de Mitra, de origem Persa, que se tornou o predileto dos soldados romanos. No último período do Império Romano, desenvolveu-se de forma particular o culto ao Sol, e o imperador Aurelianus proclamou como suprema divindade de Roma o Sol Invicto. Mas essas tentativas de reavivar uma religião que sempre servira aos interesses do estado fracassaram, ante a expansão do Cristianismo que, em 391, foi declarado religião oficial do estado pelo imperador Theodosius I, que suprimiu o culto tradicional.
    posted by iSygrun Woelundr @ 9:28 PM   0 comments
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