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    sexta-feira, março 27, 2009

    Ela era mais democrática do que se imagina e tão heróica quanto as lendas contam. Conheça a verdade da cidade mais controversa da Grécia antiga

    Texto Reinaldo José Lopes

    Mesmo para os turistas do Império Romano, gente mais do que acostumada a espetáculos sangrentos, aquela era uma atração especial. O sucesso era tanto que, por volta do ano 200 da nossa era, até a construção de um anfiteatro em volta do templo foi autorizada, para que os visitantes pudessem acompanhar cada detalhe do ritual. Um adolescente nu tentava apanhar o queijo depositado sobre o altar da deusa Ártemis, enquanto um dos sacerdotes o chicoteava sem dó, fazendo o sangue espirrar no altar. O jovem que agüentasse mais era saudado como campeão – isso quando tinha a sorte de sobreviver à cerimônia. Os estrangeiros provavelmente deixavam o anfiteatro romano muito satisfeitos: tinham testemunhado um legítimo costume da lendária cidade-Estado de Esparta.

    Para muita gente, a imagem de um adolescente torturado resume à perfeição o significado de Esparta para a história. Na escola, aprendemos que, entre as cidades gregas de 2500 anos atrás, Atenas foi o berço da democracia e da liberdade de pensar e criar que valorizamos tanto, enquanto os espartanos viviam sob um regime totalitário, cuja única preocupação era a guerra, e submetiam os jovens ao treinamento militar mais desumano do planeta. Desse ponto de vista, passar de superpotência grega a parque temático sadomasoquista teria sido um destino mais do que merecido.

    Acontece que, assim como a visão dourada de Atenas, essa imagem dos espartanos não passa de caricatura. Embora também esteja repleto de erros históricos (leia a seguir), o filme 300, que acaba de chegar aos cinemas, acerta em cheio ao mostrar que, sem a liderança dos espartanos, a Grécia e talvez boa parte da Europa teriam virado mera província do Império Persa, com conseqüências imprevisíveis para o mundo de hoje. Em 4 grandes batalhas contra os persas (veja os infográficos nas páginas 67, 69, 71 e 73), os espartanos ajudaram a proteger o que seria a origem do mundo ocidental. Por mais estranho que isso soe agora, Esparta esteve entre as primeiras cidades gregas a criar um governo constitucional, onde todo cidadão era igual diante da lei, e seus exércitos foram vistos como libertadores perto da ambição de Atenas. Por tudo isso, vale a pena tentar enxergar através das distorções que cercam a cidade mais controversa da Grécia.

    Conquistadores

    Mito e arqueologia concordam num ponto: Esparta é um produto do primeiro grande desastre da história grega. Até por volta do ano 1200 a.C., o Peloponeso (como é conhecida a região do extremo sul da Grécia, onde fica a cidade) estava cheio de pequenos reinos. Inscrições e objetos achados nos palácios do Peloponeso mostram que seus habitantes já falavam uma forma primitiva de grego e levavam uma vida de luxo, comerciando cerâmica, metais preciosos e marfim com o Egito, a Palestina e a atual Turquia.

    Uma onda de invasões e saques, porém, acabou com essa vida mansa. Boa parte dos grandes palácios do Peloponeso foi queimada, e a região voltou a ter um estilo de vida rústico e rural durante cerca de um século. É então que, pouco antes do ano 1000 a.C., como sugerem mudanças na cerâmica e em outros objetos do dia-a-dia, chegou ali um novo povo: os dórios, ancestrais dos espartanos.

    Na mitologia grega, a chegada dos dórios ficou conhecida como “o retorno dos filhos de Héracles”. Os descendentes desse herói (conhecido entre nós como Hércules) seriam os legítimos herdeiros dos reinos do Peloponeso, expulsos injustamente de lá. Mas os filhos de Héracles reuniram um exército, formado por 3 tribos do norte da Grécia, e recuperaram no braço o que era seu. A parte da herança é claramente invenção para legitimar a invasão, mas os dó­rios realmente tinham uma origem étnica comum e falavam um dialeto nortista.

    Parte dos recém-chegados ocupou a Lacônia, o vale fértil do rio Eurotas, e fundou 4 vilarejos perto de um assentamento da época dos palácios. Por volta do ano 900 a.C., as 4 aldeias se uniram politicamente para formar Esparta. Unificada, a cidade partiu para uma expansão das mais respeitáveis. Toda a Lacônia caiu nas mãos de Esparta: alguns habitantes (provavelmente os que resistiram aos ataques) engrossaram as fileiras dos servos, chamados de “hilotas”, enquanto outras aldeias conseguiram manter a autonomia interna, desde que reconhecessem a soberania espartana. Os moradores desses lugares ficaram conhecidos como periecos (“os que habitam em volta”). A expansão foi até por volta do ano 700 a.C., quando a cidade, sozinha, dominava dois quintos do Peloponeso.

    Democráticos

    Tantas conquistas, claro, trouxeram prosperidade. “Historiadores como o francês Claude Mossé consideram que, já no século 7 a.C., Esparta tem uma aristocracia amante das artes e desenvolve atividades comerciais marítimas”, diz a historiadora Maria Aparecida de Oliveira Silva, autora do livro Plutarco Historiador. Os poetas e músicos de Esparta ficaram conhecidos na Grécia inteira, e sua elite levava uma vida luxuosa, com finos objetos de bronze e metais preciosos fabricados localmente ou importados da Ásia. No entanto, há indícios de que só alguns espartanos se beneficiaram de verdade com as vitórias, virando senhores do grosso das novas terras, enquanto outros empobreciam. Em outras palavras: tensão social – que veio acompanhada por problemas militares para conter as constantes rebeliões.

    A tradição espartana, que chegou até nós por relatos de historiadores como Heródoto, Xenofonte e Plutarco, diz que a solução para esses problemas foi bolada pelo sábio Licurgo, tio e tutor de um dos reis da cidade. Ele teria implantado uma reforma política profunda. Todos os cidadãos – ou seja, todos os homens livres de Esparta – passaram a eleger os 28 membros da Gerúsia, o Conselho dos Anciãos, encarregado de elaborar as leis da cidade. Os reis continuaram a ter uma série de privilégios simbólicos (o mais bizarro era o direito de ficar com a pele e o lombo de todos os animais sacrificados aos deuses), mas, na prática, viraram simples generais hereditários. O poder de decisão final ficava nas mãos do damos – o povo, versão dória da palavra que é uma das raízes do termo “democracia”.

    Reunidos em assembléia, os homens de Esparta podiam aprovar ou vetar as propostas da Gerúsia, usando um método que parece ter saído de um programa de auditório – o “sim” ou o “não” ganhava dependendo da quantidade de barulho produzida de cada lado. Houve também uma reforma agrária: cada espartano recebeu um lote de terra suficiente para sustentar sua família. A reforma se completou mais tarde com o surgimento dos éforos, 5 magistrados eleitos anualmente por todos os espartanos que, na prática, passaram a deter a maior parte do poder de executar as leis.

    Na época em que foi criado, esse sistema era revolucionário. O Oriente Médio ainda era dominado por monarcas absolutos, considerados semideuses. Atenas, futuro símbolo da democracia, estava nas mãos de um grupo minúsculo de famílias nobres e ricas, assim como outras cidades gregas. Esparta parece ter inventado a idéia de que mesmo um plebeu pobre tinha o direito de eleger seus representantes e ser eleito, e de que ninguém, nem mesmo os reis, estava acima da lei. Não é só conversa: a história espartana está cheia de relatos sobre soberanos que pisaram na bola e foram presos ou exilados. Os hilotas e periecos, é verdade, continuavam sem direitos políticos – mas o mesmo valia para a massa de escravos em todas as outras cidades gregas.

    A partir daí, numa sociedade quase democrática, começou a se criar a futura fama de Esparta como potência militar. Também por volta do século 7 a.C., os gregos passavam por uma revolução na arte da guerra. Antes, o costume era que só os nobres e sua guarda pessoal lutassem, e os combates não passavam de expedições pequenas para roubar o gado ou as mulheres da vila vizinha. Mas a população e a riqueza da Grécia tinham crescido, e os conflitos cresciam na mesma proporção. O ideal era juntar o máximo possível de soldados no campo de batalha. Os exércitos das cidades-Estado passaram a agir como grandes unidades: os guerreiros, usando pesadas armaduras de bronze e lanças, só eram eficazes lutando em conjunto. O escudo protegia só o lado esquerdo de quem o carregava: o outro lado do corpo era resguardado pelo escudo do soldado ao lado. Se alguém fraquejasse, todos eram prejudicados. Ora, se a massa dos cidadãos passa a ser importante na guerra, a cidade não tem como se defender sem eles. Isso coloca um poder considerável nas mãos do damos de Esparta: o povo ganha força para exigir direito de voto ou uma fazenda nos arredores.

    O sucesso das reformas foi indiscutível. Enquanto a Grécia inteira passou do século 7 a.C. ao 5 a.C. sofrendo com ditadores e revoluções, Esparta virou um oásis de estabilidade.

    Guerreiros

    Para manter as conquistas e o sistema político, todo cidadão de Esparta passou a ser preparado desde pequeno para ser um supersoldado. O treinamento era conhecido simplesmente como agogué (“criação”, em grego). “A única descrição da agogué que temos é do ateniense Xenofonte, que escreve tarde, por volta do ano 400 a.C.”, afirma o historiador Paul Cartledge, da Universidade de Cambridge (Rei­no Unido). Segundo Xenofonte, os testes começavam no nascimento: os bebês eram lavados com vinho e levados aos anciãos de seu clã para inspeção. Os disformes ou fracos demais eram abandonados para morrer. (Até aí, nada de mais: todos os gregos praticavam o infanticídio em situações parecidas.) Os meninos ficavam até os 6 anos com a mãe; depois, passavam a ser criados em pequenos grupos por um supervisor, dormindo em barracões, aprendendo a cantar, dançar (exercícios adequados para se acostumar ao ritmo da marcha militar), ler e escrever.

    Quando chegava a adolescência, o cabelo dos garotos era raspado. Eram obrigados a usar apenas um manto leve, fizesse chuva ou sol, e a andar descalços o tempo todo. Recebiam pouca comida; podiam complementar a dieta roubando, mas, se fossem apanhados, levavam uma surra terrível. As chibatadas às vezes vinham em rituais religiosos, como o descrito no começo desta reportagem.

    Aprendiam a falar só o essencial – daí a expressão “laconismo”, derivada da Lacônia, o vale fértil onde Esparta foi fundada. “Seria mais fácil ouvir as vozes de estátuas de pedra do que as daqueles rapazes”, afirma Xenofonte. Os jovens praticavam a dança e o canto, em cerimônias elaboradas que simulavam os movimentos da guerra. Relacionamentos amorosos entre adolescentes e rapazes mais velhos eram comuns e até incentivados – os adultos eram considerados mentores dos mais novos.

    Aos 19 anos, o rapaz se tornava soldado pleno, mas ainda não era considerado cidadão. Deixava crescer o cabelo – todos os espartanos adultos tinham longas madeixas, que enfeitavam com flores. Podia se casar, mas ainda não tinha permissão de passar a noite com a mulher. Isso – junto com os outros privilégios da cidadania, como votar – só era possível quando ele fazia 30 anos. Uma última obrigação o acompanhava pelo resto da vida: fazer diariamente as refeições com sua unidade de combate, geralmente formada por 15 guerreiros espartanos. O prato principal costumava ser a intragável sopa negra, feita com cevada, sangue e carne de porco.

    Esse sistema tornava os espartanos resistentes e corajosos, mas sua principal função era criar espírito de equipe. A lenda de que os soldados de Esparta nunca se rendiam ou recuavam é balela: não havia vergonha nenhuma em baixar as armas se essa fosse a ordem do rei ou do general. Abandonar os companheiros é que era considerado intolerável, porque um escudo a menos na formação significava expor todo mundo ao risco de morte.

    Não havia glória maior do que tombar na linha da frente, morrendo lado a lado com os companheiros: essa, para os espartanos (e para a maioria dos outros gregos) era a “bela morte” (leia boxe na página 70). Mas eles só agiam como camicases quando não havia outra escolha. Uma frase registrada pelo historiador grego Tucídides é emblemática. Perguntaram a um espartano capturado se os colegas mortos tinham sido mais valentes que ele. “As flechas seriam muito espertas se conseguissem distinguir os valentes dos covardes”, retrucou o guerreiro. “Es­sa é uma coisa na qual o filme 300 acerta: ele mostra esse humor negro com o qual os espartanos enfrentavam a guerra”, diz Paul Cartledge.

    Outro ponto que sempre se omite sobre Esparta é a condição das mulheres. Elas levaram uma vida bem melhor que as do resto da Grécia. Eram incentivadas a praticar exercícios físicos e a ficar ao ar livre, ao contrário das atenienses, quase sempre trancadas em casa. Também podiam herdar terras. “No entanto, isso não quer dizer necessariamente que as mulheres de Esparta fossem vistas pelos homens de forma diferente das outras gregas”, diz Isabel Romeo, historiadora da UFRJ que estuda o tema. “Para os gregos, a função da mulher era sempre ter filhos saudáveis. A diferença é que os espartanos achavam que, para desempenhar, ela precisava ter uma vida ativa”, afirma.

    Defensores

    O engraçado é que, embora o Exército espartano fosse mais poderoso do que nunca, a expansão direta da cidade parou. “Esparta temia que as cidades vizinhas apoiassem as revoltas dos servos e procurou alguma forma de convivência pacífica com elas”, diz Robin Osborne, da Universidade de Cambridge. Os espartanos forjaram uma aliança que acabaria englobando todo o Peloponeso. As cidades-Estado tinham voz nas decisões, mas era Esparta a cidade líder, que tinha mais peso na hora de ditar a política externa do bloco e decidir como e quando guerrear.

    Essa liderança relativamente democrática acabou sendo providencial para a Grécia. Enquanto as cidades-Estado continuavam brigando entre si, o Império Persa nascia e virava um gigante no Oriente, o grande inimigo dos gregos. Por volta de 540 a.C., as cidades gregas da Ásia caíram nas mãos dos persas. O novo império trouxe paz e estabilidade à região, mas também sufocou os desejos gregos de uma política mais democrática (os persas apoiaram ditadores fantoches por ali). O bolso grego também foi afetado, porque a Pérsia cobrava impostos ferozes e mutilava o comércio. Os gregos da Ásia se revoltaram, com o apoio de Atenas, mas levaram uma sova. A ajuda ateniense era a desculpa perfeita para a Grécia européia ser incluída no alvo das invasões. Assim pensou o rei persa Dario, cujo exército desembarcou perto de Atenas no ano 490 a.C.

    Nas primeiras batalhas, os persas foram totalmente derrotados. Mas até as pedras do Eurotas sabiam que a coisa não ia ficar por isso mesmo. Xerxes, filho e sucessor de Dario, jurou vingança e preparou o maior exército que o mundo já tinha visto (talvez 120mil soldados) e a maior marinha (cerca de 1000 barcos) para invadir a Grécia. Nenhum dos súditos do rei tinha muita escolha nessa história: todas as regiões do império tinham de contribuir com sua cota de homens, e a palavra de Xerxes era lei sagrada. Atenas e Esparta (que tinha apoiado os atenienses na primeira invasão) estavam no topo da lista negra de Xerxes. A lenda, reproduzida no filme 300, conta que as duas cidades tinham atirado dentro de um poço os mensageiros do rei, que pediam terra e água como sinal de submissão, dizendo: “Aí tendes terra e água”.

    Além de enfrentar o reino mais poderoso da época, a Grécia tinha que lidar com a desunião interna. Na primavera de 480 a.C., quando a segunda onda de invasões persas começou, poucas cidades gregas queriam saber de aliança. “De 700 cidades-Estado que poderiam ter se unido à resistência, só cerca de 30 o fizeram”, diz Cartledge. Dessas poucas cidades corajosas, metade integrava o grupo dos “lacedemônios”, como eram chamados os espartanos e aliados, grupo que hoje nós chamamos de Liga do Peloponeso. “A resistência simplesmente não teria sido possível sem a Liga do Peloponeso”, diz o historiador de Cambridge. A ela se juntaram Atenas e pequenas cidades, como Plataia.

    O comando supremo, tanto na terra quanto no mar, ficou nas mãos de Esparta, já que ela era a líder do bloco que formava o coração da resistência. Mais do que o comando, porém, os aliados tinham do seu lado os soldados espartanos, “a infantaria pesada mais bem treinada da Grécia – na verdade, a única infantaria profissional de que os gregos dispunham”, afirma Peter Green, professor da Universidade do Texas em Austin e um dos principais especialistas nos conflitos entre gregos e persas.

    Os líderes espartanos nem sempre estiveram à altura de seus guerreiros. Há sinais de que a cidade e os outros membros da liga queriam se arriscar o mínimo possível fora do Peloponeso. Essa é uma das explicações (além da coincidência de um festival religioso, durante o qual Esparta normalmente não guerreava) para o fato de que o rei Leô­nidas tenha levado consigo só 300 espartanos para o desfiladeiro das Termópilas, no centro-norte da Grécia (veja na página 65). A missão dos 300, ao lado de cerca de 7 mil aliados gregos, era tentar impedir o avanço de Xerxes em terra, enquanto a frota grega adotava a mesma estratégia no mar, no estreito de Artemísio.

    Por 3 dias, Leônidas e os 300 – que foram vistos penteando os longos cabelos com toda a calma quando os primeiros persas surgiram – detiveram forças imensamente superiores e mataram dois irmãos de Xerxes. Mas sua retaguarda não estava bem coberta. Graças a um grego traidor, Leônidas acabou cercado e lutou até a morte com seus homens e mais 1000 voluntários aliados, ganhando tempo para que o resto do exército fugisse. Xerxes mandou decapitar o rei e crucificar seu corpo.

    A sorte grega deu uma guinada cerca de um mês depois, quando a frota aliada destroçou as trirremes persas na ilha de Salamina, perto de Atenas. O próprio Xerxes decidiu voltar para a Ásia e, no ano seguinte, suas forças terrestres foram esmagadas pelo sobrinho de Leônidas. Os persas jamais pisariam outra vez na Grécia européia.

    Xerxes, ao contrário do que se diz em 300, não era a versão metrossexual do capeta. Em parte, o governo do Irã tem razão em ficar fulo da vida com o filme, como afirmou em nota ofical no começo de março. O domínio persa poderia até ter posto um fim nas eternas briguinhas fúteis entre cidades, que eram a praga da vida grega (pelo menos em termos de progresso econômico). Ao mesmo tempo, porém, ele teria encerrado o primeiro grande experimento de liberdade política e de pensamento da história, forçando os gregos a se curvar a um Grande Rei todo-poderoso. Democrática ou não, Esparta jamais aceitaria o domínio de um só homem que estivesse acima da lei – e se dispôs a lutar para que a Grécia não sofresse esse destino.

    Personagens

    Depois de botar os estrangeiros para fora, a Grécia pôde viver seu esplendor. Em Atenas, um ano depois de os persas darem no pé, nasceu Sócrates, um dos grandes alicerces da filosofia ocidental, seguido por Platão e Aristóteles. Com os invasores contidos, a obra deles e de pensadores anteriores, como Tales de Mileto e Pitágoras, pôde sobreviver até hoje. Em 438 a.C., no lugar de um antigo templo destruído pelos persas, Atenas construiu o Partenon, símbolo máximo do período clássico grego.

    No entanto, já que derramar sangue era como um passatempo para os gregos, as guerras não pararam por ali. As cidades voltariam a lutar entre si: Atenas, poderosa demais depois de vencer os persas, se tornou um império maldoso demais para as cidades conquistadas. Aliados de Atenas mandavam mensagens secretas para os espartanos, suplicando que eles “libertassem a Grécia”. O conflito era só uma questão de tempo – e as alianças passaram as 3 últimas décadas do século 5 a.C. afundadas nele. A guerra terminou com a vitória de Esparta, financiada por ouro persa.

    A influência espartana agora dominava a Grécia inteira. Mas, sem o menor tato, os espartanos instalavam governadores militares impopulares ou apoiavam oligarcas que perseguiam os opositores políticos. O resultado? Mais guerra, dessa vez promovida por um novo poder: a cidade de Tebas, ao norte de Atenas. O confronto decisivo entre a desafiante e a campeã aconteceu na Batalha de Leuctra, em 371 a.C. A derrota de Esparta foi completa. A cidade virou ruínas. Tornou-se irrelevante e foi absorvida pelo Império Romano, junto com o resto da Grécia, em 146 a.C.

    Diante da arte e do pensamento ateniense, pode parecer que Esparta só teve importância militar. Mas não é de mais voltar a 480 a.C. e ao punhado de homens que ousou se colocar no caminho dos persas. Heródoto diz que um rei espartano exilado, Damárato, acompanhava Xerxes nas Termópilas. O rei persa teria perguntado se os espartanos, sendo tão poucos, ousariam enfrentá-lo. “Rei”, respondeu Damárato, “embora sejam livres, eles não são livres em tudo. Acima deles está a lei, um senhor a quem eles temem muito mais do que os teus servos têm medo de ti. Eles fazem o que a lei ordena, e a sua ordem é esta: não fugir diante de nenhuma multidão de homens, mas ficar em seus postos.” Poucas idéias foram tão capazes de mudar o mundo.

    “Ficou evidente para todos, e não menos para o próprio Xerxes, que havia muita gente com ele, mas poucos homens de verdade.”

    Heródoto

    1. Inimigo maior

    Com 120 mil guerreiros, os persas invadem a Grécia por uma faixa montanhosa do litoral.

    2. defender é preciso

    Os 300 guerreiros de Esparta, mais 7 mil aliados, bloqueiam os persas no desfiladeiro das Termópilas. Quem tenta passar é atirado ao mar.

    3. derrota inevitável

    Depois de 3 dias, um grego traidor guia as forças persas por uma trilha. Os espartanos são atacados pela retaguarda e dizimados.

    Peso-pluma

    Os persas eram uma infantaria leve. Carregavam escudos mais fracos, lanças curtas e uma espada. A grande arma era o arco, com alcance de 200 metros.

    Modelo de herói

    Maior herói de Esparta, o rei Leônidas deteve os persas por 3 dias, até ser morto com todos os seus guerreiros.

    Nos trinques

    Era tradição entre os espartanos pentear os longos cabelos antes da batalha, e também enfeitá-los com grinaldas de flores. Como os outros gregos, eles costumavam entrar em combate cantando.

    Turbinado

    Com armadura, escudo de bronze ou lança de 3 metros, o soldado de Esparta levava vantagem. O escudo tinha a letra lambda, de Lacedemônia (outro nome de Esparta).

    “Vendo os bárbaros fazer um crescente com suas naus, preparando-se para envolvê-los por todos os lados, os gregos saíram para enfrentá-los.”

    Heródoto

    1. Ao ataque!

    Os persas avançam contra os gregos com 800 barcos. A idéia é eliminar a frota naval grega e partir para o continente.

    2. Abraço de urso

    Na defesa, os 300 barcos gregos se juntam para se defender dos persas, que formam uma espécie de tesoura de ataque.

    3. Empate técnico

    Depois de 3 dias de batalha, tempestades diminuem a superioridade persa. Os gregos recuam para o sul e batalha termina em empate técnico.

    Corpo a corpo

    Quando o barco inimigo teimava em não afundar, o jeito era invadir o convés e partir para o combate direto.

    Triplex

    Os barcos de guerra das duas esquadras eram as trirremes: tinham 3 andares, com 50 remadores em cada um. Chegavam a 35 metros de comprimento e 5 metros de largura.

    Tropa faraônica

    Os egípcios estavam entre as melhores tropas anfíbias do Império Persa. Usavam armaduras com escamas de aço, grandes escudos e lanças, além de ganchos para abordar os navios inimigos.

    Por que os gregos gostavam tanto de sangue? A Batalha de Termópilas mostra que os jovens da Grécia antiga sonhavam morrer como heróis das lutas. Todo cidadão de respeito, de políticos como Péricles a poetas como Sófocles, participava de batalhas. São muito diferentes, por exemplo, do cristão que tenta levar uma vida pacífica, sem pecar. Mas a razão de os gregos adorarem brigar é muito parecida com a do religioso que não falta a nenhuma missa. Os dois querem atingir a salvação.

    No jeito cristão de pensar, a pessoa se salva da morte tendo uma vida baseada no amor e na compaixão. Se viver corretamente, seguirá existindo numa boa na eterna colônia de férias chamada céu. Um motivo e tanto para viver cheio de culpa por qualquer errinho. Mas os gregos viveram antes do cristianismo. Como não acreditavam que alguém, uma pessoa onisciente, tinha criado o Universo, não deviam explicações ou culpa para ninguém maior que eles. E não tinham nenhuma esperança de que se dariam bem depois da morte. O jeito que encontravam para eternizar a vida era pela fama, praticando atos heróicos que ficassem para sempre na história.

    “Morrer de forma gloriosa era muito mais importante que ter uma vida longa e pacífica”, diz o filósofo Roberto Bolzani Filho, da USP. Os guerreiros odiavam ser designados para cargos leves, como mensageiro, e competiam para saber qual seria eternizado nos escritos dos poetas. “A glória valia mais que a vida”, diz Fernando Santoro, professor de filosofia antiga da UFRJ.

    Já hoje, quando cada vez mais gente acredita que a morte é só um apagar de células, procuramos nos agarrar à vida. Talvez seja por isso que, bem ao contrário dos gregos, fazemos de tudo para fugir do serviço militar, comemos salada e praticamos esporte para viver. Mas claro que ainda temos a noção de pecado dos medievais. E o enorme fascínio dos gregos por heróis.

    “Os gregos, qual homens que arpoam atuns ou outro cardume de peixes, esmagavam a cabeça de seus inimigos com remos quebrados.”

    Ésquilo

    1. Armadilha

    Convencidos por uma falsa mensagem dos gregos de que eles fugiriam, os persas partiram para o ataque.

    2. Tudo ou nada

    Ao entrar nos canais de Salamina, o maior número dos persas deixou de ter valor: ali não era possível manobrar muito.

    3. Finta de mestre

    Surpresos com a força naval grega, os persas têm seus navios invadidos. Os que chegam à praia são mortos ali mesmo. Os gregos vencem.

    De camarote

    Xerxes, rei dos persas, mandou montar seu trono em frente a ilha de Salamina para assistir o combate.

    Glub glub

    Um dos meios de vencer uma batalha naval antiga era usar o esporão (o “bico” de bronze do navio) para furar o casco do adversário e levá-lo a afundar.

    História

    Heródoto, Prestígio, 2002.

    A Guerra do Peloponeso

    Donald Kagan, Record, 2006.

    The Spartans

    Paul Cartledge, Penguin, 2003.

    “Nesse dia o comandante persa Mardônio pagou o justo preço pela morte de Leônidas; e a mais bela vitória de que temos conhecimento foi obtida por Pausânias.”

    Heródoto

    1. Retirada confusa

    A batalha começou quando os gregos resolveram fingir um recuo. A idéia era dar tempo para tropas de várias cidades se agruparem.

    2. Ao ataque

    Entusiasmados, os persas cruzaram o rio que os separava dos gregos e atacaram.

    3. Derrota final

    Parte do Exército grego levou a pior, mas eles agüentaram a pressão e acabaram derrotando os persas de vez.

    Cavaleiros do rei

    Os cavaleiros persas eram muito importantes nos combates em campo aberto. Usavam arcos e lanças leves, de arremesso, e irritavam o adversário ao fazer ataques rápidos e recuar logo depois.

    À moda da Davi

    Cercado por 1 000 guerreiros, o general persa Mardônio acabou tendo o crânio esmagado por uma pedra.

    Barraca armada

    O acampamento persa era uma festa. Havia tendas bem decoradas, peças de ouro e prata e a companhia das concubinas dos chefes.

     

    Endereço desta matéria:
    http://www.superinteressante.com.br/superarquivo/${ano}/conteudo_497551.shtml

    1987 - 2008 Editora Abril S.A. Todos os direitos reservados
    posted by iSygrun Woelundr @ 6:18 PM   0 comments
    ELEMENTAIS DO FOGO

    O elemento do Fogo é o mais importante, pois ele é uma expressão do Fogo Sagrado, de onde procedem a Chama Violeta e suas congêneres. Uma de suas atividades construtivas, no plano físico, é purificar através da incineração de detritos e de corpos humanos, a qual permite o retorno dos respectivos elementos ao Sol, para uma repolarização. A atividade destrutiva do fogo é demonstrada na queima de construções e florestas e também em relâmpagos, na tempestade e no uso de armas de fogo, bombas etc..

                 

    "Fogo, meu espírito..."

    No Sol, nas estrelas, nas fogueiras ou nas brasas, no nosso coração... sentimos a luz da vida. O fogo é o elemento das transmutações, da transformações. Sua força luminosa indica o caminho que deve ser seguido por aquele que conhece os ensinamentos do Universo. O fogo é a chama que, acesa dentro de nós, faz brilhar nossa aura e nossos olhos, revelando a força de nosso espírito. Ele conduza cada um à sabedoria interior.

    Os Xamãs pedem ajuda ao Avô Fogo, como é chamado pelos índios, quando é hora de trabalhar as mudanças. O fogo auxilia no processo de limpeza também, o velho cedendo lugar ao novo. A Sauna Sagrada é um dos lugares usados, pelos Xamãs, nos processos de cura pelo fogo..

     

    Diretores: Hélios e Vesta  

     

     

    As Salamandras, ou  Espíritos do fogo, vivem no éter atenuado e espiritual que é O invisível  elemento do fogo..  Sem elas, o fogo material não pode existir.

    Elas reinam no fogo com o poder de transformar e desencadear tanto emoções positivas quanto negativas. As Salamandras, segundo os especialistas, parecem bolas de fogo e que podem atingir até seis metros de altura. Suas expressões, quando percebidas, são rígidas e severas. Dentro de todas as formas energéticas (o fogo, a água e o mineral), estes seres adquirem formas capazes de desenvolver pensamentos e emoções. Esta capacidade derivou do contato direto com o homem e da presença deles em seu cotidiano. Por tal motivo, as Salamandras desenvolveram forças positivas, capazes de bloquear vibrações negativas ou não produtivas, permitindo um clima de bem estar ao homem.

    O homem é incapaz de se comunicar adequadamente com as Salamandras, pois elas reduzem a cinzas tudo aquilo de que se aproximem. Muitos místicos antigos, preparavam incensos especiais de ervas e perfumes, para que quando queimados, pudessem provocar um vapor especial e assim formar em seus rolos a figura de uma Salamandra, podendo assim sentirem sua presença. Paracelso afirma que muitas Salamandras são vistas na forma de bolas ou línguas de fogo correndo através dos campos ou irrompendo nas casas. Para muitos aqui no Brasil, costuma- se chamar estas aparições de "fogo - santelmo". Mas, a maioria dos místicos, afirma que as Salamandras são Seres gigantes, imponentes e flamejantes em roupas fluidas, com uma armadura de fogo. Elas são as mais poderosas dos elementais e têm como seu regente um magnífico espírito flamejante chamado Djim,terrível e aterrorizante na sua aparência. Os antigos sábios sempre foram advertidos para manter- se à distância delas, pois os benefícios derivados do seu estudo freqüentemente não eram proporcionais ao preço que se pagava por eles. Elas possuem especial influência sobre as criaturas de temperamento ígneo e tempestuoso. Tanto nos animais como no homem, as Salamandras trabalham através da natureza emocional por meio do calor corpóreo,do fígado e da corrente sanguínea. Sem sua assistência,não haveria calor.

     

    Rei: DJIN

       

    INVOCAÇÃO ÀS SALAMANDRAS

    Eu vos saúdo, Salamandras,
    Que constituís a representação do elemento fogo.
    Peço, que com vosso trabalho,
    Forneçais a mim poder de resolver tudo,
    De acordo com vossa vontade,
    Alimentando meu fogo interno,
    Aumentando minha chama trina do coração
    E assim formar um novo universo.
    Mestres do fogo, Eu vos saúdo fraternalmente.
    Amém.

       

    Invocar nas primeiras luzes do sol. Caso isto não seja possível, é necessário que o elemento fogo esteja presente. O mais indicado é o uso da vela. Esta invocação é feita para se ter mais força de vontade, coragem, vigor, entusiasmo e bons empreendimentos. Atua no trabalho e na espiritualidade.

     

                     

     

     

    ORAÇÃO DAS SALAMANDRAS.

    No Templo de Delfos, uma salamandra se punha em comunicação com os Iniciados. Porfírio, discípulo de Plotino, que conhecia bastante o Oculto, revelou aos homens a seguinte prece da Salamandras, que não é propriamente a elas dirigida, mas ao próprio Fogo Criador, mesmo porque os elementais ou Espíritos da Natureza não conhecem outra linguagem senão a que lhes é própria:

    "Ó Imortal, Eterno, Inefável e Iincriado Pai de todas as coisas, conduzido no carro que desliza sem cessar pelos mundos que dão sempiternas voltas; dominador das imensidades etéreas, onde está ereto o trono do teu poder, sobre o qual teus olhos formidáveis descobrem tudo e teus  belos e santos ouvidos escutam tudo, atende aos teus filhos, que amaste desde o nascimento dos séculos; porque a  tua dourada, grande e eterna majestade resplandece acima do mundo e do céu das estrelas; estás elevado acima delas, ó fogo faiscante; aí, tu te acendes e te conservas a ti mesmo pelo teu próprio esplendor, e saem da tua essência regatos inesgotáveis de luz, que nutrem teu espírito infinito. Este espírito infinito alimenta todas as coisas e faz tesouro inesgotável de substância pronta à geração que elabora e que se apropria das formas de que a impregnaste desde o princípio. Deste espírito tiram também sua origem estes reis mui santos que estão ao redor do teu trono e que compõem a tua corte, ó Pai universal! ó único! ó Pai dos felizes mortais e imortais."
    "Criaste, em particular, potências que são maravilhosamente semelhantes ao teu eterno pensamento e à tua essência adorável; tu as estabeleceste superiores aos anjos, que anunciam ao mundo as tuas vontades; enfim, nos criaste na terceira ordem no nosso império elementar. Aqui, o nosso contínuo exercício é louvar e adorar os teu desejos; aqui, ardemos incessantemente aspirando possuir-te. Ó pai! ó mãe! ó mais terna das mães! ó arquétipo admirável da maternidade e do puro amor! ó filho, flor dos filhos! ó forma de todas as formas, alma, espírito, harmonia e número de todas as coisas! Amém."


    Agni, o fogo sagrado

     

     


    http://www.guiajaragua.com.br/variedades/mistica/elementais.htm

    http://anjos.sili.com.br/elementais.html

    http://www.geocities.com/Athens/Oracle/4735/Beth_Page.htm
    http://www.facom.ufba.br/xaman/ar.html

     

    posted by iSygrun Woelundr @ 6:10 PM   0 comments
    THEMIS - A JUSTIÇA

    Têmis é filha de Gaia e Urano e pertence, portanto, ao mundo pré-olímpico dos Titãs, do qual só Ela e Leto aparecem mais tarde entre os olímpicos. Seu nome significa "aquela que é posta, colocada". Sua equivalente romana era a Deusa Justitia.

    Têmis não representa a matéria em si, como sua mãe Gaia, mas uma qualidade da terra, ou seja, sua estabilidade, solidez e imobilidade. Ela é uma deusa que falava com os homens através dos oráculos. O mais famoso de todos os templos oraculares da Grécia Antiga, Delfos, pertencia originalmente a Gaia, que o passou a filha Têmis. Depois disso, ele foi de Febe e só no fim foi habitado por Apolo. Há pesquisadores que afirmam, no entanto, que Têmis é o próprio princípio oracular, de modo que, em vez de ter havido quatro estágios de ocupação do oráculo Delfos, foram só três: Gaia-Têmis, Febe-Têmis e Apolo-Têmis. Portanto, Têmis tinha máxima ligação com a questão das previsões oraculares e, no fundo, representa a boca oracular da terra, a própria voz da Terra, ou seja, Têmis é a terra falando. Quando o titã Prometeu foi acorrentado ao Monte Cáucaso, Têmis profetizou que ele seria libertado. Sua profecia se concretizou quando Héracles, salvou-o do seu castigo. Foi Têmis quem alertou Zeus que o filho de Tétis seria uma ameça à seu pai.


    Ajudou Deucalião e Pirra a formar a humanidade após o dilúvio enviado como castigo por Zeus, profetizando que ambos deveriam "jogar os ossos de sua mãe para trás das costas". Pirra ficou temerosa de cometer algum sacrilégio ao profanar os ossos de sua mãe, não captando o sentido da profecia. Deucalião, porém, entendeu tratar-se de pedras os ossos da deusa-Terra, mãe de todos os seres. Assim ele atirou pedras para trás e delas surgiram homens.

    Os oráculos dados por Têmis, não profetizavam só o futuro, mas eram ainda, mandamentos das leis da natureza às quais os homens deveriam obedecer. A Deusa nos fala de uma ordem e de uma lei naturais que precedem as noções culturalmente condicionadas da organização e das regras derivadas das necessidades de uma sociedade.

    Alguns pensadores crêem ser Têmis uma abstração das noções humanas de uma justiça de uma cultura específica, presumivelmente matrifocal. Uma visão arquetípica, sustentaria que Têmis não é o produto da organização social, mas o pressuposto para tanto. Sua existência psicológica precede-o e subjaz ao entendimento humano do que ela quer dizer ou ensinará. A visão arquetípica localizaria sua origem na natureza psíquica, no inconsciente coletivo, ao invés de localizá-la na cultura e na consciência coletiva. Ela não é secundária, e sim fundamental. Entretanto, nos cultos à Têmis eram celebrados os "mistérios" ou "orgias", emprestando-lhe a visão que ela era uma Deusa genuína, e não uma simples personificação da idéia abstrata de legalidade. Têmis é a Deusa oracular da Terra, ela defende e fala em nome da Terra, do enraizamento da humanidade em uma inabalável ordem natural.

    Um dos atributos de Têmis é sua grande beleza, além do poder de atração de sua dignidade. Sua atratividade física é confirmada pelo mito em que Zeus a persegue com seu estilo desenfreado e, finalmente, a desposa.

    Seu mais ardente adversário no Olimpo foi Ares, o deus da guerra cujo o apetite por violência e sede de sangue não conhecia limites. Não porque Têmis fosse contra a guerra, mas agia com motivos de ordem ambiental, pois a guerra reduziria a população humana. Na qualidade de mãe das Horas (e pai Zeus), Têmis está também por trás da progressão ordenada do tempo na natureza. As Horas representavam a ordenação natural do cosmo: inverno e depois primavera, dia depois a noite, uma hora após a outra.

    Sua outra filha com Zeus, Astraea também era uma deusa da justiça. Conta-se que ela deixou a Terra no fim da Idade do Ouro para não presenciar as aflições e sofrimentos da humanidade durante as idades do Bronze e do Ferro. No céu ela tornou-se a constelação de Virgo. Também Têmis foi transformada em uma constelação, Libra. Outras filhas suas são: Irene e Dike. Esta última está relacionada com a representação da divindade da justiça. Temis e Dike elucidam o lado ético do instinto, a voz miúda e calma no seio do impulso. Dike para a humanidade é a função de base institual muito sintônica com o que Jung chama de instinto para reflexão. Têmis é ainda, mãe de Prometeus e Atlas.

    Têmis empunha uma espada em uma mão (poder exercido pela Justiça), enquanto com a outra sustenta uma balança (simboliza o equilíbrio, entre as partes envolvidas em uma relação de Direito). A venda que lhe cobre os olhos, simbolizando a imparcialidade da justiça e a igualdade dos direitos, foi criação de artistas alemães (séc. XVI). Outros símbolos: a lâmpada, a manjerona e "pudenda muliebria". O significado da manjerona é sexual e tem ligação com a fertilidade. Esta planta misteriosa é uma planta lunar e tem ligação com a influência fertilizadora da Lua sobre a Terra. Mas a manjerona também tem ligação direta com outro emblema de Têmis, "pudenda muliebria", que vincula a Deusa à fertilidade e à sexualidade, de modo direto e inequívoco. Sabe-se que havia orgias vinculados ao culto de Têmis e certamente, estes ritos eram de natureza sexual. Como devotas de "pudenda muliebria", as adoradoras de Têmis dedicavam-se a rituais e práticas altamente sexualizadas.

    Têmis que mobiliza a energia sexual, transforma esta energia em amor e atenção para com o mundo, em justiça e equilíbrio para todos, assim como em novos rebentos para todas as formas de vida. As descargas da libido que fluíam entre Têmis e suas adoradoras serviam não só para estreitar laços entre a Deusa e suas devotas, mas também aproximavam cada uma delas e o mundo todo.

    Ao presidir as reuniões de cunho político do Olimpo, Têmis manifesta o teor organizacional de sua dignidade e justiça. Têmis congregava às reuniões com seriedade moral e obrigava os grandes e poderosos a ouvir, de modo consciencioso, as objeções e contribuições dos irmãos e irmãs menos proeminentes. A Deusa opunha-se à dominação de um sobre muitos e apoiava a unidade mais que a multiplicidae, a totalidade mais do que a fragmentação, a integração mais do que a represão. Nessa atividade de contenção e vinculação, Têmis revela o princípio operado pela consciência feminina: a lei do amor.

    Têmis era a deusa da consciência coletiva e da ordem social, da lei espiritual divina, paz, ajuste de divergências, justiça divina, encontros sociais, juramentos, sabedoria, profecia, ordem, nascimentos, cortes e juízes. Foi também inventora das artes e da magia.

    ZEUS E TÊMIS

    Têmis foi a segunda esposa de Zeus, depois de Métis e antes de Hera. É Ela que temperou o poder de Zeus com muita sabedoria e com seu profundo respeito pelas leis naturais. Sendo uma Titã, suas raízes são instintivas e pré-olimpicas e estende-se à frente, para incluir uma visão cósmica das operações finais e essenciais do universo inteiro. Além de esposa e conselheira, Têmis é também mentora de Zeus. Em um mito ela aparece como ama de leite de Zeus bebê, ensinando-o a respeitar a justiça.

    No casamento de Zeus e Têmis vemos duas forças, uma solar e outra lunar, trabalharem coligadas com poucos conflitos à serem observados. Zeus era o rei todo-poderoso, absoluto, um padrão arquetípico que governa a consciência coletiva, que tanto cria como mantém uma coletividade. Mas é Têmis, que movimentando-se dentro de vários outros padrões arquetípicos, desestabiliza o absolutismo e as certezas de Zeus. Ela movimentava-se em uma direção contrária, nunca deixando de incluir o máximo possível. Têmis exercia portanto, um efeito de abrandamento. Entretanto, o casamento do dois não foi de total doce harmonia, pois embora transitasse sabedoria entre eles, os ditames de um e do outro, sempre tinham um preço muito elevado, pois nada possui solução definitiva.

    Na imagem de Zeus consultando Têmis, podemos aceitar uma boa dose de troca. Zeus é quem rege e decide, enquanto Têmis assume uma atitude mais suave e dá seu toque relativizador que procede de perspectivas mais abrangentes.

    DIÁLOGO COM TÊMIS

    Têmis chega até nós com sua espada da justiça da natureza e nos diz que é tempo de refletir. O instinto reflexivo rompe o elo estímulo-resposta e, no intervalo desta descontinuidade, nós humanos temos a oportunidade de perceber conscientemente uma situação. A reflexão desenflama a superestimação que a pessoa faz de si e conserva-o atento a sua verdadeira imagem de seu lugar na ordem natural das coisas e manter as proporções certas, justas e humanas.

    Quando você tiver um conflito interno, uma pressão muito grande, medite e chame por Têmis para alcançar o equilíbrio e a sabedoria para solucionar estas questões. Deixe então sua voz da consciência falar, pois ela é a voz de Têmis.Confie no julgamento de Têmis, pois só Ela é a Deusa oracular da Terra.

    Em seguida, inicie sua reflexão repensando estas questões:

    1. Descreva uma época em que os valores para você deram um giro de 180 graus.

    2. Recorde épocas que você sentiu completamente perdido, fisicamente ou emocionalmente. Ou talvez não havia nenhum caminho espiritual à ser seguido. Também, recorde um momento em que você sentiu-se perfeitamente equilibrado.

    3. Você teve alguma experiência que passou na vida que ainda recorde? Que passagens importantes ainda conserva em sua memória? Pense nelas e de que forma elas passaram para sua consciência?

    4. Há momentos em sua vida que você se sente em débito com seu carma? Há pessoas que acreditam que só se conservarão vivas, enquando este débito não seja compensado.

    5. Pode você descrever alguma passagem de sua vida que já recebeu o justo castigo de Têmis? Você é uma pessoa que consegue manter o equilíbrio entre o otimismo e o pessimismo?

    6. Você acredita em destino, carma, fado? Que experiências pessoais lhe levaram a acreditar?

    7. Você já passou por um período de fatalidades em sua vida?

    8. Escute agora sua consciência, pois esta é a voz de Têmis.

    RITUAL

    Execute este ritual na Lua Crescente ou Cheia. Acenda um incenso de jasmim ou lótus. Deite suas cartas de tarot sobre o altar. Encha um cálice com vinho ou suco de uva e coloque a sua frente e acenda duas velas roxas, uma de cada lado do cálice.

    Erga a mãos sobre seus instrumentos advinhatórios e diga:

    Deusa da Lua e da Magia,

    Deusa dos Mistérios,

    Mostre-me a resposta que venho buscando,

    Revele-me todos os destinos.

    Beba três goles da bebida. Embaralhe as cartas e deite-as da maneira que desejar. Após terminar o processo divinatório, levante-se, erga os braços e diga:

    Honra àqueles que me ajudaram.

    Agradeço livre e sinceramente.

    Sua orientação será para sempre apreciada e aceita.

    Assim seja.

    As velas não precisam queimar até o fim, podendo ser reutilizadas para outros rituais divinatórios.

    Texto pesquisado e desenvolvido por

    Rosane Volpatto

     

    "O direito não é justiça, porque o direito é um elemento de cálculo, enquanto que a justiça é incalculável."

     

     

     

     

     

     

    posted by iSygrun Woelundr @ 6:03 PM   0 comments
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